O descobrimento do Brasil por Pedro Alvares Cabral

By Baldaque da Silva

The Project Gutenberg eBook, O descobrimento do Brasil por Pedro Alvares
Cabral, by Antonio Artur Baldaque da Silva


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Title: O descobrimento do Brasil por Pedro Alvares Cabral


Author: Antonio Artur Baldaque da Silva



Release Date: January 31, 2011  [eBook #35131]

Language: Portuguese


***START OF THE PROJECT GUTENBERG EBOOK O DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR
PEDRO ALVARES CABRAL***


E-text prepared by Pedro Saborano



COMMEMORAÇÃO DA DESCOBERTA DA AMERICA

O DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR PEDRO ALVARES CABRAL

MEMORIA DE A. A. BALDAQUE DA SILVA

Capitão-tenente da armada e engenheiro hydrographo







Lisboa
Typographia da Academia Real das Sciencias
1892




O DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR PEDRO ALVARES CABRAL

    De Mauritania os montes, e logares,
    Terra que Antheo n'hum tempo possuio,
    Deixando á mão esquerda; _que á direita_
    _Não ha certeza d'outra, mas suspeita_.
                 CAMÕES, _Lus._, Canto V, est. IV.


Sete annos e meio depois de Christovam Colombo ter demandado as
Antilhas, realisou-se outra descoberta não menos importante,
comprehendida no mesmo periodo iniciador das primeiras explorações
maritimas que deram a conhecer praticamente a verdadeira distribuição
das terras e dos mares sobre o globo.

Colombo, genovez ao serviço de Castella, descobre terra da America
central; Cabral e Corte Real, portuguezes e ao serviço de Portugal,
descobrem terras da America austral e septentrional; fundindo estes tres
descobrimentos fundamentaes em um unico, que torna conhecido um Novo
Mundo ao occidente da Europa e Africa.

Colombo encontra terra a oeste; Corte Real procura-a ao noroeste; e
Cabral explora-a ao sudoeste, irradiando todos tres da parte mais
avançada da Peninsula sobre o grande oceano Atlantico.

Pedro Alvares Cabral parte do Tejo, com destino á India, a 9 de março de
1500, seguindo o primeiro exemplo pratico, dado por Vasco da Gama em
1497, de cortar a linha a oeste do meridiano das Ilhas de Cabo Verde,
para evitar as calmas do norte do equador e utilizar os ventos
geraes, facto aproveitado e vulgarisado por todos os navegadores
portuguezes que se lhe succederam; e desvia-se ainda mais para oeste,
não só por vantagem da navegação, mas tambem porque pretende na passagem
reconhecer os mares occidentaes, onde ha toda a probabilidade de
encontrar terra; a qual realmente descobriu, avistando a 24 de abril o
Monte Pascal, em terras de Vera Cruz, que abordou e de que solemnemente
tomou posse em nome de El-Rei de Portugal, continuando em seguida a sua
derrota para a India, depois de ter enviado para Lisboa, com a noticia
d'este acontecimento, um navio que para este fim levava na expedição.

A demonstração do proposito em que ia Pedro Alvares Cabral de procurar
terra ao sudoeste, em frente da Africa, faz-se hoje com toda a exactidão
historica e scientifica, e fundamenta-se com documentos authenticos
d'essa epocha e com resultados rigorosos deduzidos dos conhecimentos que
ha sobre as tempestades, ventos e correntes maritimas do oceano Atlantico.

Tres unicas hypotheses se podem estabelecer ácerca da descoberta do
Brasil por Pedro Alvares Cabral:


*I*.--_Que os navios da expedição foram arrastados para oeste pela acção
forçada e insuperavel do meio em que navegavam;_

*II*.--_Que os navios foram desviados para oeste por erro commettido na
navegação;_

*III*.--_Que a expedição se dirigiu para oeste propositadamente._


Provando que as duas hypotheses *I* e *II* são destituidas de
fundamento, o que chamaremos--_demonstração negativa_--teremos que
admittir forçosamente a hypothese *III*; restando unicamente determinar
a natureza do proposito de ir para oeste, que podia ser motivado por
presupposta vantagem da navegação, proporcionando uma descoberta
fortuita, ou por intenção de procurar terra a oeste, o que constituirá
para o nosso caso a--_demonstração positiva_--do verdadeiro caracter que
revestiu este descobrimento.


DEMONSTRAÇÃO NEGATIVA

*I*.--_Que os navios da expedição foram arrastados para oeste pela acção
forçada e insuperavel do meio em que navegavam._


Esta hypothese desdobra-se em duas outras:

1.ª _Que os navios da expedição foram impellidos para oeste pelas
correntes athmosphericas;_

2.ª _Que os navios da expedição foram arrastados para oeste pelas
correntes maritimas._

A 1.ª hypothese é inadmissivel pelos factos e razões seguintes:

_a)_ Não consta da descripção minuciosa d'esta viagem, feita por Pero
Vaz Caminha, que ia a bordo, que depois de passadas as Ilhas de Cabo
Verde sobreviesse tempestade; facto notavel que não ficaria de certo
omittido na carta d'este escriptor se tivesse determinado tão inesperado
acontecimento.[1]

_b)_ Refere Pero de Magalhães de Gandavo, na sua _Historia da Provincia
de Santa Cruz_, que passadas as Ilhas de Cabo Verde, foi o vento
prospero até avistarem a costa d'aquella provincia.[2]

_c)_ Independentemente das informaçôes authenticas d'aquella epocha,
sabe-se que as tempestades da costa do Brasil, na estação do anno
considerada, sopram do noroeste e do sudoeste, afastando portanto da
costa para o largo em sentido contrario ao que seguiu a expedição.[3]

_d)_ Para o desvio ser causado por temporal e este atirar os navios para
o lado da costa, deveria a tempestade provir dos quadrantes de fóra,
pelo menos comprehendida entre os rumos de NE e SE, durar alguns dias e
apartar os navios; circumstancias estas que não se verificam naquella
zona, nem aconteceram á expedição, visto que a frota aportou unida e
completa até á costa.[4]

_e)_ Não se conhece documento nem fundamento, que mencione, ou
justifique, ter-se dado uma tempestade, que desviasse a expedição para
oeste; mas existem duas cartas de bordo, nas quaes não se refere ter
havido temporal; assim como se sabe que as condições meteorologicas
d'aquella região, durante a monção do SW, são contrarias á cofirmação de
tal caso de força maior; circumstancias e razões estas, todas decisivas,
para pôrem de parte e não auctorizarem esta hypothese.[5]

A 2.ª hypothese menos se pode tambem admittir, em vista dos fundamentos
seguintes:

_f)_ Das observações astronomicas feitas em terra pelo bacharel mestre
Johan, physico e cirurgião de el-rei, não resultam differenças nas
situações calculadas a bordo durante a viagem e estas feitas á chegada,
o que deveria succeder se houvesse corrente attendivel, e não deixaria
de ser mencionado na carta que elle dirigiu a el-rei, por isso que
n'ella se occupa das differenças que ha entre as derrotas estimadas
pelos diversos pilotos da expedição, comparadas com a derrota por elle
calculada.[6]

_g)_ O grande circuito maritimo do oceano Atlantico Sul, caminha de
leste para oeste ao longo do equador; inflecte para a sudoeste na altura
da Ilha de Fernando de Noronha; desvia-se successivamente para o sul de
Pernambuco em deante; dirigindo-se depois gradualmente para sueste e
leste até ao Cabo da Boa Esperança; e corre além d'isto muito ao largo
da costa oriental da America do sul; circumstancias estas que bem
demonstram a nenhuma influencia que este circuito pode ter sobre a
atterragem dos navios.__[7]

_h)_ A corrente da costa do Brasil, que se destaca d'este grande
circuito, corre para SSW parallelamente á terra e a curta distancia
d'ella, com pequena velocidade, não tendo acção sobre os navios senão na
zona costeira, na qual a existencia da terra já está assignalada muito
por fóra.[8]

_i)_ Os navios da frota, que eram veleiros e de panno latino, podiam
facilmente ganhar caminho para barlavento, vencendo qualquer d'estas
correntes, mesmo que ellas fossem contrarias, quanto mais sendo fracas e
derivando à feição, para o largo ou parallelamente à costa, se o destino
da derrota, com vento prospero, vizasse unicamente a montar o Cabo da
Boa Esperança para seguir para a India.[9]



*II.*--_Que os navios foram desviados para oeste por erro commettido na
navegação._[10]

Esta hypothese tambem se decompõe em duas, egualmente destituidas de
fundamento:

1.ª _Erro commettido no rumo ou orientação da derrota;_

2.ª _Erro na latitude ou na estimativa da distancia percorrida. _

A 1.ª hypothese não podia dar-se pelas razões seguintes:

_j)_ As posições e orientação da costa occidental da Africa e a situação
do Cabo da Boa Esperança já eram bem conhecidas pelas viagens anteriores
de Diogo Cam, Bartholomeu Dias e Vasco da Gama, e portanto os pilotos
sabiam perfeitamente soltar o rumo para ir dobrar o Cabo.[11]

_k)_ Orientando-se a derrota pela agulha magnetica e experimentando esta
uma variação para leste, comprehendida entre 5° e 10°, na região
considerada e na epocha em questão, não podia a pequena differença do
rumo da agulha, mesmo que não fosse attendida a variação, que já era
conhecida, influir no grande desvio que a frota teve para oeste.[12]

_l)_ Tendo a expedição partido do Tejo com rumo feito ás Canarias, dado
pelas agulhas de bordo, experimentando estas uma variação egualmente
comprehendida entre 5° e 10° para leste, passou entre ellas não
commettendo erro de orientação. Largando depois d'aqui para as Ilhas de
Cabo Verde, nas mesmas condições, tambem deparou com este archipelago
sem erro de rumo. E portanto continuando a regular-se pelas mesmas
agulhas e dentro dos limites da mesma variação, não se pode admittir,
nem ha documento algum que prove, ter-se dado erro de rumo proveniente
da falsa indicação das agulhas.[13]

A 2.ª hypothese tambem não tem fundamento:

_m)_ Porque qualquer erro commettido na latitude calculada pela
observação do sol, ou na distancia estimada pelos pilotos, devia ter
sido accusada pelas observações feitas em terra por mestre Johan, facto
que não se deu, porquanto não consta da carta d'este physico, que
especialmente se occupa do assumpto, notando até certas particularidades
do rigor das observações feitas durante a viagem, pelo sol e pelos
astros, e das differenças que se encontravam por um e outro
processo.[14]

_n)_ Porque conhecendo as latitudes e os rumos, navegando em uma paragem
de fracas correntes maritimas, e com vento prospero, não era possivel
commetter erro sensivel no calculo ou estimativa do caminho andado, que
desviasse a expedição tantos graus para oeste.[15]

      *      *      *      *      *

Como acaba de ser demonstrado, tambem a 2.ª hypothese, attribuida a erro
commettido na navegação, não tem fundamento algum, tanto no que diz
respeito a falsa orientação da agulha magnetica, como a erronea
determinação das latitudes diarias e das distancias percorridas em cada
singradura, factos que ainda menos podem ser acceites desde que na
expedição iam navegadores tão experimentados e conhecedores do Atlantico
sul, como: Bartholomeu Dias, Pero Escobar, Nicoláo Coelho e tantos
outros pilotos notaveis, secundados para maior garantia por homens
scientificos do valor de mestre Johan e Pedro Alvares Cabral.

É pois evidente: que nem caso de força maior, nem erro de navegação
determinaram o desvio da expedição para oeste, restando portanto, por
exclusão de partes, a considerar a ultima e unica hypothese admissivel
de um desvio propositado a caminho do occidente.


DEMONSTRAÇÃO POSITIVA

*III.*--_Que a expedição se dirigiu para oeste propositadamente._

Esta hypothese subdivide-se em tres:

1.ª _Proposito motivado por vantagem da navegação;_

2.ª _Proposito de procurar terra ao occidente da Africa;_

3.ª _Proposito de procurar passagem para a India pelo caminho
do occidente._

A 1.ª hypothese encontra fundamento nos factos e razões seguintes:

_o)_ Já Vasco da Gama tinha dado o primeiro exemplo de fazer prôa ao mar
a grande distancia da terra, cortando a linha a oeste do meridiano das
Ilhas de Cabo Verde, seguindo a meio do Atlantico sul até virar na volta
do Cabo da Boa Esperança.[16]

_p)_ Pedro Alvares Cabral levava instrucções nauticas, feitas por Vasco
da Gama, para se afastar para oeste das Ilhas de Cabo Verde, tomar a
bordada do SW e seguir assim até á latitude do Cabo da Boa
Esperança.[17]

_q)_ Pretendia-se com as instrucções nauticas, referidas na alinea
anterior, evitar não só as calmas e trovoadas da costa de Africa, como
tambem fugir das tempestades do Cabo da Boa Esperança (cabo tormentoso)
fazendo a viagem muito pelo largo.[18]

_r)_ Os conhecimentos determinantes d'estas instrucções, em relação aos
ventos, calmas e correntes maritimas do Atlantico, tinham sido
adquiridos durante as viagens anteriores feitas pelos navegadores
portuguezes, entre os quaes se tornaram mais notaveis: Diogo Cam,
Bartholomeu Dias, Vasco da Gama e todos os pilotos que foram na primeira
viagem á India.[19]

A 2.ª hypothese tambem hoje se demonstra sem deixar duvida alguma,
porque:

_s)_ Já em 1498, havia el-rei D. Manuel encarregado Duarte Pacheco,
cavalleiro da sua casa, notavel pelo valor pessoal, de ir procurar terra
ao occidente da Africa.[20]

_t)_ Refere Duarte Pacheco que era esta a terra da quarta parte
desconhecida do mundo que el-rei D. Manuel mandou descobrir.[21]

_u)_ Diz Pero Vaz Caminha, na sua carta, que a frota seguiu o caminho
que el-rei mandou que seguisse.[22]

_v)_ Levava Pedro Alvares Cabral na expedição um navio destinado a
voltar para traz, dando conta do resultado da exploração ao occidente,
que era a nau dos mantimentos.[23]

_x)_ Fazendo-se os geraes de SE. na estação considerada, muito para E.
depois de passar a linha para o sul, e justificando-se o desvio para
oeste unicamente por vantagem da navegação, tinha a frota aproveitado
aquella circumstancia favoravel do alargamento do vento, para
barlaventear na direcção do Cabo da Boa Esperança; o que não fez,
porquanto arribou para o occidente em direcção opposta áquella que
deveria seguir pretendendo simplesmente montar o Cabo da Boa
Esperança.[24]

_y)_ Além das instrucções conhecidas dadas a Pedro Alvares Cabral,
nenhuma prova ha de que elle não levasse tambem instrucções verbaes e
confidenciaes; é mesmo evidente que deviam existir para tão delicada
empreza, e, portanto estar entre estas incluida a de procurar terra ao
occidente na sua travessia tão amarada do continente Africano.

_z)_ A unica objecção até hoje apresentada contra a existencia de
instrucções verbaes ou confidenciaes para procurar terra a oeste, é a de
que em relação a este descobrimento, nada explica o segredo que d'ellas
se fez anteriormente, nem a falta de referencia posterior; mas esta
razão contradictoria carece de fundamento, encontrando pelo contrario
completa explicação na reserva que deveria haver nas explorações
maritimas, desde que outras nações procuravam combater pela concorrencia
a notavel expansão de Portugal sobre o globo.

A 3.ª hypothese fica evidentemente prejudicada em face dos fundamentos
que justificam a hypothese anterior.

      *      *      *      *      *

Portanto em vista dos factos e razões apresentadas no decurso d'esta
memoria, julgamos ter demonstrado com authenticidade e fundamento: que
Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil porque levava instrucções de se
desviar para oeste, não só por vantagem da navegação, como tambem para
na sua passagem explorar os mares occidentaes, onde havia toda a
probabilidade de existir terra.


Lisboa 7 de maio de 1892.




Notas

    [1] «... que a partida de belem como vossa alteza sabe
    foy segunda feira IX de março; e sabado XIIIJ do dito mez amtre as
    VIIJ e IX oras nos achamos amtre as canareas mais perto da gram
    canarea e aly amdamos todo aquelle dia em calma a vista delas obra
    de tres ou quatro legoas, e domingo XXIJ do dito mez, a as X oras
    pouco mais ou menos ouuemos vista das Ilhas do cabo verde a saber da
    Ilha de Sam njcolaao, segundo dito de Pero Escobar, piloto, e a
    noute seguymte da segunda feira lhe amanheceo se perdeo da frota
    Vaasco d'atayde com a sua naao sem hy auer tempo forte, nem
    contrairo pera poder ser. fez o capitam suas deligencias pera o
    achar a huumas e outras partes e nom pareçeo mays, e asy seguimos
    vosso caminho per este mar de comgo atãa terça feira doitauas de
    pascoa que foram XX dias dabril que topamos alguuns synaaes detera
    seemdo da dita Ilha segundo os pilotos diziam obra de bj e lx ou lxx
    legoas».--Carta de Pero Vaz Caminha, 1 de maio de 1500. Arch. Nac.
    da Torre do Tombo, gav. 8, maç. 2, n.º 8.

    [2] «... e havendo já um mez que hiam n'aquella volta
    navegando com vento prospero foram dar na costa desta
    Provincia».--Pero de Magalhães de Gandavo, _Historia da Provincia de
    Santa Cruz_, 1575. Bibl. Pub. de Lisboa, B, 14, 25, pag. 1.

    [3] As _Monções_ são determinadas pelo Equinocio, a do
    S. reina de Março até Setembro, e a do N. de Setembro até Março; os
    Ventos geraes na primeira são E.S.E. e S.S.E., e os da segunda são
    E.N.E. e N.N.E.; porém isto regula sómente ao largo, porque a
    experiencia nos mostra que a visinhança das terras perturba
    repetidas vezes esta Lei; por exemplo: os navegadores praticos
    destas Costas contam com ventos de E., e os encontram nos mezes de
    Outubro, Novembro, e Dezembro, mezes que pertencem á _Monção_ do N.
    Na _Monção_ do S. desde a _Lagôa dos Patos_ até _Cabo Frio_ ás vezes
    tambem se encontrão Ventos do S.E. ao S.O. soprando com violencia.
    Os furacões denominados _Pampeiros_ (porque a sua maior força se
    experimenta quando o Vento toma a direcção que passa pelo paiz dos
    _Pampas_) que com frequencia se encontram defronte do _Rio da Prata_
    e Costas visinhas, tem seus prognosticos; por exemplo: os Ventos
    soprarão com força do S. ao S.O., se o Sol, quando se põe, está
    cercado de nuvens e nevoas; se as terras apparecem muito claras, e
    parecem aproximar-se ao Expectador; felizmente a duração destes
    furacões he tanto menor, quanto maior he sua violencia; de sorte que
    sendo furiosos, raras vezes durão mais de 48 horas, e sua força
    diminue á proporção que se avança para o N. Quando as Brizas do S.E.
    ao S.O. na _Monção_ do S. são moderadas, ellas alargão para o largo,
    durante o dia, e rondão para a terra de noite.»--_Roteiro geral do
    globo_, publ. pela Ac. R. das Sciencias de Lisboa, 1839, parte XI,
    sec. 1.ª, pag. 2.

    [4] _Vents et moussons_--La côte du Brésil, entre
    Bahia et Rio-Janeiro, est encore comprise dans la limite des alizés,
    et ce sont en effet les vents de la partie de l'E. qui y régnent le
    plus fréquemment; mais, comme on approche déjà de la limite Sud de
    ces vents, ils y subissent de grandes perturbations, et les moussons
    de N.E. et S.O. y sont bien caratèrisées, surtout dans le voisinage
    de la côte. _Mousson de S.O._--La direction moyenne de l'alizé varie
    de trois quarts entre l'été et l'hiver, et, dans cette dernière
    saison d'avril à septembre, dite mousson de S.O., les vents généraux
    sont souvent remplacés par des vents variables du S. à l'O., qui
    sont les derniers souffles des pampeiros régnant à cette époque de
    l'année sur les côtes de la Plata. Ils amènent des temps sombres, de
    la pluie et un peu de mauvais temps; mais, arrivés par cette
    latitude, ils ont perdu toute leur force; ils sont tièdes, légers
    sur les voiles, et il est rare qu'ils forcent à prendre plus d'un
    ris aux huniers. Ils ne durent jamais plus de deux ou trois jours;
    le plus généralement même ce ne sont que des grains de quelques
    heures, auxquels succèdent des calmes et du beau temps, si le vent
    tourne au S.E. et à l'E. Outre ces grains de S.O., on reçoit aussi
    assez souvent des grains de S.E. aux environs des Abrolhos, et des
    orages du N.O. avec pluie et tonnerre qui arrivent également tout le
    long de la côte, mais s'étendent en général assez peu au large. En
    résumé, pendant tout l'hiver ou mousson de S.O., entre les deux
    équinoxes (avril, mai, juin, juillet et août), on trouve sur la côte
    du Brésil, entre Rio et Bahia, jusqu'à 30 ou 40 lieues au large, des
    petits temps très-variables, des grains pluvieux de S.O., des orages
    de N.O. et des brises inégales de l'E. au Sud».--_Les côtes du
    Brésil_, IIe section, pages 8. Dépôt des cartes e plans de la
    marine, Paris, 1864.

    «... aly jouuemos toda aquela noute, e aa quimtafeira pola manhãa
    fezemos vella e segujmos direitos aa terra e os nauios pequenos
    diante himdo per XVIJ, XVJ, XV, XIIIJ, XIIJ, XIJ, X, e IX braças
    ataa mea legoa de terra onde todos lamçamos amcoras em direito da
    boca de huum Rio e chegariamos a esta amcorajem aas X oras pouco
    mais ou menos...»--Carta (citada) de Pero Vaz Caminha, 1 de maio de
    1500.

    [5] Carta de Pero Vaz Caminha.--Carta de mestre Johan,
    fisico e cirugyano de El-Rei D. Manuel.--Roteiros já
    citados.--Effectivamente não ha nada que documente ou explique a
    existencia de uma tempestade, e portanto esta hypothese não tem
    fundamento algum, e até está banida pelos principaes e mais
    profundos historiadores e notaveis hydrographos.--_Corografia
    Brazilica do padre Cazal._ _Roteiro do Brazil_ de M. Ernest Mouchez,
    nota (_a_), pag. 115.

    [6] «... senor ayer segunda feria que fueron 27 de
    Abril descendymos en terra yo e el pyloto do capitan moor e el
    pyloto de Sancho de tovar e tomamos el altura del sol al medyodya e
    fallamos 56 grados e la sontra era septentrional per lo qual segund
    las reglas del estrolabio jusgamos ser afastados de la equinocial
    por 17 grados e per consyguiente tener el altura del polo antartico
    en 17 grados segund que es magnifiesto en el espera e esto es quanto
    alo uno por lo qual sabra vosa alteza que todos los pylotos van
    adyante de mi en tanto que pero escolar va adyante 150 leguas e
    otros mas e outros menos pero quien dyse la verdad non se puede
    certyficar fasta que en boa ora allegemos al cabo de boa esperança e
    ally sabremos quien va mas cierto ellos con la carta o yo con la
    carta e el estrolabio,...»--Carta de mestre Johan, 1 de maio de
    1500. Arch. Nac. da Torre do Tombo, Corpo Chron., parte 3.ª, maço 2,
    doc. n.º 2.

    [7] _Courant général au large._ Il existe à 40 ou 50
    lieues, au large de la côte du Brésil, un courant général descendant
    parallèlement à cette côte du N.N.E. au S.S.O., et qui n'est que la
    branche Sud du grand courant équatorial se bifurquant sur le cap
    Saint-Roque. Ce courant a une vitesse moyenne de 10 à 15 milles par
    24 heures; il perd de sa force en avançant vers le S., et varie
    d'ailleurs selon les saisons et la force du vent. Il n'est plus
    guère sensible au delà du tropique. Ce courant, combiné avec la
    dérive produite par les vents alizés du S.E., se modifie souvent et
    porte vers la côte au S.O. et à l'O.S.O.»--_Les côtes du Brésil_ (já
    citado), pag. 11. Veja-se tambem a _Chart of the World on Mercators
    projection_, constructed by Hermann Berghaus and Fr. v. Stülpnagel.
    Gotha: Justus Perthes.

    [8] «_Courants près de terre._ Entre le courant dont
    nous venons de parler et la côte, le mouvement des eaux est
    entièrement soumis aux vents régnants dès que la brise souffle 24
    heures de la même direction, soit du N.E. ou du S.O. Le courant
    s'établit en conséquence et proportionnellement à la force des
    vents; aussi pendant la saison des vents de N.E., surtout d'octobre
    à janvier, les courants portent au S.O. avec une vitesse qui peut
    atteindre 25 à 30 milles par 24 heures. C'est surtout près des
    points saillants, tels que les caps Saint-Augustin, le Rio Doce, les
    caps Saint-Thomé et Frio, que la vitesse est la plus grande. Les
    navires qui atterrissent dans cette saison à Pernambouc et Bahia
    doivent compter sur une différence d'au moins 1 mille par heure et
    manœuvrer en conséquence; beaucoup de navires sont portés de 36 à 40
    milles au S.O. dans les 24 heures. Mais, nous le répétons, ces
    courants cessent avec la cause qui les produit et sont loin
    d'opposer à la navigation un obstacle semblable à celui que l'on
    rencontre le long de la côte ferme, quand on veut remonter à
    contre-courant et contre-mousson de Sainte-Marthe à Curaçao ou à la
    Guayra. A l'exception des trois ou quatre mois d'été, novembre,
    décembre et janvier, où les vents de N.E. sont dans toute leur
    force, ces courants sont assez faibles et très-variables. Pendant la
    mousson de S.O., ils portent au N., et sont également faibles et
    variables; c'est en juin et juillet qu'ils acquièrent la plus grande
    force».--_Les côtes du Brésil_ (já citado), pag. 12.

    [9] A expedição compunha-se ao largar de Lisboa de
    tres naus e dez caravellas. «_Caravelle_: Le navire de ce nom, qui
    eut une véritable célébrité aux XVe et XVIe siècles; le navire dont
    se servirent les Portugais pour leur voyages de découvertes, et
    Christophe Colomb pour sont aventureuse navigation à l'ouest, était
    un petit bâtiment de la famille des vaisseaux ronds, mais plus fin
    de forme que les nefs ses contemporaines, et ayant des façons plus
    pincés. Ainsi était-il plus rapide, meilleur manœuvrier, et plus
    propre à toutes les expéditions qui demandait de la célérité dans la
    marche et une grande rapidité dans les évolutions».==_Glossaire
    Nautique_ par A. Jal, Paris MDCCCXLVIII, pag. 419.

    [10] Vaz de Camina, qui donne beaucoup de détails sur
    ce voyage, n'indique nulle part ce motif (éviter les calmes de la
    côte d'Afrique) comme cause de la déviation dans l'O. de la route de
    Cabral, et nulle par non plus on ne lui voit invoquer le motif d'une
    tempête par 15° ou 16° de latitude pour expliquer ce grand écart de
    route et la découverte de la terre. Dès qu'on s'avance au S. de
    l'équateur, les alizés adonnent continuellement, et si l'on peut
    doubler la partie la plus orientale du continent, un peut au S. du
    cap Saint-Roque, l'on ne peut que s'éloigner de plus en plus de la
    côte quand on cherche à doubler le cap de Bonne-Espérance, puisque,
    d'un côté, les vents permettent de faire plus d'E., et que, de
    l'autre, la côte s'éloigne vers l'Ouest. Il est donc à peu près
    impossible de donner un autre motif plausible de l'arrivée de Cabral
    en vue de terre par 16° de latitude qu'une erreur de route commise
    par ce navigateur.--_Les côtes du Brésil_ (já citado), nota _a_,
    pag. 115

    [11] Veja-se: _Vida do Infante D. Henrique de
    Portugal_, por Richard Henry Major; _Roteiro da Viagem de Vasco da
    Gama_, por A. Herculano e o Barão do Castello de Paiva; e as
    chronicas escriptas pelos historiadores portuguezes do seculo XVI.

    [12] Ensaio de um mappa das linhas de egual
    declinação (linhas isogonicas) no seculo XVI, _Roteiro de Lisboa a
    Goa_ por D. João de Castro, annotado por João de Andrade Corvo,
    1882, est. XIII.

    [13] Ensaio de um mappa das linhas de egual
    declinação no seculo XVI, (já citado). Carta de Pero Vaz Caminha.
    _Historia da Provincia de Santa Cruz_ por Gandavo (tambem já
    citadas). Por estes ultimos documentos sabe-se que a expedição
    passou entre as Canarias e depois entre as Ilhas de Cabo Verde.

    [14] «... solamente mando a vosa alteza como estan
    situadas as estrellas del, pero en que grade esta cada una non lo he
    podido saber, antes me paresce ser impossible en la mar tomarse
    altura de ninguna estrella porque yo trabaje mucho en eso e por poco
    que el navio enbalance se yerran quatro o cinco grados de guisa que
    se non puede fazer sy non en terra e otro tanto casy dygo de las
    tablas de la Indya que se non pueden tomar com ellas sy non con mui
    mucho trabajo, que sy vosa alteza supiese como desconcertavan todos
    en las pulgadas reyria dello mas que del estrolabio, porque desde de
    lisboa até as canarias unos de otros desconcertavan en muchas
    pulgadas que unos desyam mas que outros tres e quatro pulgadas e
    otrotanto desde las canarias até as yslas de cabo verde, e esto
    resguardando todos que el tomar fuese a una misma ora, de guisa que
    mas jusgavan quantas pulgadas eran por la quantydad del camino que
    les parescia que avyan andado que non el camino por las pulgadas,...»

    [15] Cortando a linha a oeste das Ilhas de Cabo Verde
    e seguindo para o sul muito ao poente pelo meridiano de 30° a oeste
    de Greenwich, com destino a montar o Cabo da Boa Esperança, seria
    precisa uma corrente constante, ou um erro systematico, para oeste,
    de 10 milhas por dia, durante uns 15 dias, para desviar a frota
    tanto para o occidente; circumstancia inadmissivel, porque não
    existe tal corrente, nem as derrotas estabelecidas pela pratica e
    traçadas nas cartas maritimas modernas se afastam para oeste do
    meridiano de 30°.--Veja-se a _Chart of the World on Mercators
    projection_, (já citada).

    [16] «E ao outro dia que era quinta feira chegámos á
    Ilha de Samtiago, onde pousámos na praya de Santa Maria com prazer e
    folgar, e aly tomámos carnes e augua e lenha, e corregendo as vergas
    dos navios porque nos era necesario. E huuma quynta feira que eram
    tres dias d'agosto partimos em leste, e hindo huum dia com sull
    quebrou a verga ao capitam moor, e foy em XVII dias d'agosto, e
    seria isto CC legoas da Ilha de Samtiaguo, e pairámos com o traquete
    e papafigo dous dias e huuma noute, e em XXII do dito mês hindo na
    volta do mar ao sull e a quarta do sudueste, achámos muitas aves
    feitas com garçõees, e quando vêo a noute tiravam contra o susoeste
    muito rrigas como aver que hiam pera terra, e neste mesmo dia vimos
    huuma baléa, e isto bem oytocentas legoas em mar. A vinte e sete
    dias do mes d'outubro vespora de Sam-Simam e Judas, que era sêsta
    feira, achámos muitas baléas, e huumas que se chamam quoquas, e
    lobos marinhos. Huuma quarta feira primeiro dia do mês de novembro,
    que foy dia de Todos os Santos, achámos muitos signaees de terra, os
    quaes eram huuns galfãoos que naçem ao lomgo da costa. Aos quatro
    dias do dito mês, sabado ante manhan duas oras, achámos fundo de
    cemto e dez braças ao mais, e ás nove oras do dia ouvemos vista de
    terra, e emtam nos ajuntámos todos e salvámos o capitam moor com
    muitas bandeiras e estemdartes e bombardas e todos vistidos de
    festa, e em este mesmo dia virámos bem junto com terra na volta do
    mar, porém nom ouvemos conhecimento da terra».--_Roteiro da viagem
    de Vasco da Gama_ em MCCCCXCVII por A. Herculano e o Barão do
    Castello de Paiva, Lisboa, 1861, pag. 2.

    [17] «On lit en effet dans les instructions nautiques
    que ce navigateur (Vasco da Gama) composa en 1499, à la demande du
    roi de Portugal, pour servir à l'expédition de Pedralvarez Cabral
    qui partait pour l'Inde: _Qui l'on doit s'éloigner dans l'O. des
    îles du cap Vert en prenant la bordée du S.O. pour passer dans
    l'hémisphère Sud, afin d'éviter les calmes et les orages de la côte
    d'Afrique, et courir ainsi jusqu'à la hauteur du cap
    Bonne-Espérance»._--_Les côtes du Brésil_, préface, pag. IX.--D'onde
    o auctor d'esta obra, o sr. almirante Ernest Mouchez, traduziu esta
    parte das instrucções nauticas, que diz terem sido dadas a Cabral,
    não o sabemos, apezar de o ter perguntado aquelle escriptor, mas
    suppomos que existissem em o primeiro caderno que falta antes do
    caderno das instrucções para esta viagem que existe no Arch. Nac. da
    Torre do Tombo, das Angedivas em deante, parecendo tambem faltar a
    ultima parte. É porém evidente, havendo instrucções para aquella
    expedição, como prova o segundo caderno d'ellas existente na Torre
    do Tombo, que o primeiro e terceiro cadernos que faltam, fossem
    vistos em qualquer parte pelo sr. Mouchez, actual director do
    observatorio de Paris.

    [18] A nota anterior, evidenceia a circumstancia
    principal de evitar as calmarias e trovoadas da costa d'Africa, como
    motivo do desvio da frota para o occidente; devendo-se-lhe
    acrescentar o proposito de passar ao largo do cabo das Tormentas,
    tão temido dos navegadores, que já o conheciam pelos seus effeitos
    tempestuosos, como eram Bartholomeu Dias e Vasco da Gama.

    [19] As viagens portuguezas de exploração, obedeciam
    todas a um plano systematico de estudo e investigação, recolhendo
    dados experimentaes derivados da pratica e observação das condiçôes
    do meio, que pouco a pouco ia sendo conhecido, o que explica o
    arrojo de Vasco da Gama em soltar o rumo a meio do mar tenebroso,
    derivando pelo Atlantico sul a grande distancia da costa africana,
    abandonando o primitivo processo de exploração, costa a costa, dos
    navegadores que o precederam. Pedro Alvares Cabral, melhor informado
    das condições meteorologicas e maritimas do Atlantico, ia procurar
    ao largo correntes atmosphericas e maritimas favoraveis á sua derrota.

    [20] «... e por tanto bem aventurado Principe temos
    sabido e visto como no terceiro anno de Vosso Reinado do hano de
    nosso senhor de mil quatrocentos e noventa e oito donde nos vossa
    alteza mandou descobrir ha parte oucidental passando alem a grandesa
    do mar oceano honde he hachada e navegada huma tam grande terra
    firme com muitas e grandes Ilhas ajacentes a ella que se estende a
    satenta graaos de ladeza da linha equinocial contra ho polo artico e
    posto que seja asaz fora he grandemente pouorada, e do mesmo circulo
    equinoxial torna outra vez e vay alem de vinte e oito graaos e meo
    de ladeza contra o pollo antartico e tanto se dilata sua grandeza e
    corre com muita longura que de huma parte nan de outra nom foi visto
    nem sabido o fim e cabo della pello qual segundo ha hordem que leva
    he certo que vay em cercoyto per toda a Redondeza, asim que temos
    sabido que das prayas e costa do mar destes Reynos de Portugual e do
    promontorio de finisterra e de qualquer outro lugar da europa e d
    africa e d azia hatravessando alem todo ho oceano direitamente ha
    oucidente ou ha loest segundo hordem de marinharia por trinta e seis
    graaos de longura que seram seiscentos e quarenta e oito leguoas de
    caminho contando ha de soy to leguoas por graao, e ha luguares algum
    tanto mais longe ha hachada esta terra nom navegada pellos nauios de
    vossa alteza e por vosso mandado e licença os dos vossos vassallos e
    naturaes» e findo por esta costa sobredita do mesmo circulo
    equinocial em diante fez vinte e oyto graaos de ladeza contra o
    pollo antartico ha hachado nella muito fino brazil com outras muitas
    cousas de que os nauios nestes Reynos uem grandemente carregados, e
    primeiro muitos annos que esta costa fose sabida nem descoberta dise
    Vicente estorial no seu primeiro livro que se chama espelho das
    istorias no capitolo cento e satenta e sete «Além das tres partes do
    orbe ha quarta parta he alem do mar oceano interior em ho meo dia em
    cujos termos os antipodas dizem que habitam»--_Esmeraldo de situ
    orbis_, 1505, pags. 22, 23 e 24.

    [21] «... e outros antigos cosmographos que a mesma
    terra por muitos annos andarom e doutras pessoas que isso mesmo per
    uerdadeira emformaçam ha souberom em tres partes notaveis ha
    diuidirom» e na quarta parte que Vossa alteza mandou descobrir aleem
    do oceano por a elles ser uicognygta cousa alguma nom falorom «as
    quaees tres Asya, Europa, e Africa som chamadas cujos nomes de seu
    antiguo principio atee agora ionguamente sempre durarom»--_Esmeraldo
    de situ orbis_, 1505, pag.ª 27.

    [22] «... e asy seguimos vosso caminho per este mar
    de comgo atãa terça feira doitauas de pascoa que foram XX dias d
    abril que topamos alguuns synaaes de tera........» Carta de Pero Vaz
    Caminha, 1 de maio de 1500 (já citada). «Esta communicação de Vaz de
    Caminha a el-rei D. Manuel, relatando que a frota seguiu o caminho
    indicado de antemão (_vosso caminho_), relacionada de mais a mais
    com a referencia de terem topado os primeiros signaes da terra,
    mostra claramente o proposito com que a expedição se afastou para
    oeste, trilhando uma derrota traçada em instrucções positivas que
    Pedro Alvares Cabral levava comsigo (nota 17) e dando conta do bom
    resultado que obtiveram em seguir essas instrucções que el-rei
    scientemente lhes ordenou.

    [23] «... e tanto que comemos vieram logo todolos
    capitãaes a esta naao per mandado do capitam moor, com os quaes se
    ele apartou, e eu na companhia, e preguntou asy a todos se nos
    parecia seer bem mandar a noua do achamento desta terra a Vosa
    alteza pelo nauio dos mantiimentos, pera a milhor mandar descobrir,
    e saber dela mais do que agora nos podiamos saber por hirmos de nosa
    viajem e antre muitas falas que no caso se fezeram, foy per todos ou
    a mayor parte dito que seria muito bem, e nisto comcrudiram,...»
    _Carta de Pero Vaz Caminha_ (já citada),--Na primeira viagem á India
    tinha Vasco da Gama mandado desfazer a náo dos mantimentos.--«Em
    vinte e cinquo dias do dito mês de novenbro, huum sabado á tarde dia
    de Santa Caterina, entrámos em a angra de Sam Bras, onde estevemos
    trezes dias, porque nesta amgra desfezemos a naoo que levava os
    mantimentos e os rrecolhemos aos nauios»--_Roteiro da Viagem de
    Vasco da Gama_ (já citado).--N'esta segunda expedição, porém, tudo
    leva a crer que Vasco da Gama, tendo em vista não perder o navio,
    tivesse incluido nas instrucções nauticas que deu a Cabral, a
    indicação de aproveitar a náo dos mantimentos para voltar para traz,
    dando conta da investigação que a frota ia fazer ao occidente na sua
    passagem para o Cabo da Boa Esperança.

    [24] Vejam-se as notas (4) e (10).



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ALVARES CABRAL***


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