The Project Gutenberg EBook of Livro de Máguas, by Florbela Espanca This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Livro de Máguas Author: Florbela Espanca Release Date: January 25, 2006 [EBook #17610] Language: Portuguese *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK LIVRO DE MÁGUAS *** Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) FLORBELA ESPANCA Livro de Máguas MCMXIX LIVRO DE MÁGUAS FLORBELA ESPANCA LIVRO DE MÁGUAS MCMXIX _A meu Pai_ Ao meu melhor amigo Á querida Alma irmã da minha, _Ao meu Irmão_ Procuremos sòmente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia resequida, Um som dágua ou de bronze e uma sombra que passa... Eugénio de Castro. Isolés dans l'amour ainsi qu'en un bois noir, Nos deux coeurs, exalant leur tendresse paisible, Seront deux rossignols qui chantent dans le soir. Verlaine. *Êste livro*... ÊSTE LIVRO... Êste livro é de máguas. Desgraçados Que no mundo passais, chorae ao lê-lo! Sòmente a vossa dor de Torturados Pode, talvez, senti-lo... e compreendê-lo... Este livro é p'ra vós, Abençoados Os que o sentirem, sem sêr bom nem belo! Bíblia de tristes... Ó Desventurados, Que a vossa imensa dôr se acalme ao vê-lo! Livro de Máguas... Dôres... Ansiedades! Livro de Sombras... Névoas... e Saudades! Vai pelo mundo... (Trouxe-o no meu seio...) Irmãos na Dôr, os olhos razos de agua, Chorae comigo a minha imensa mágua, Lendo o meu livro só de máguas cheio!... *Vaidade* VAIDADE Sonho que sou a Poetisa eleita, Aquela que diz tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e perfeita, Que reúne num verso a imensidade! Sonho que um verso meu tem claridade Para encher todo o mundo! E que deleita Mesmo aqueles que morrem de saudade! Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! Sonho que sou Alguem cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a terra anda curvada! E quando mais no ceu eu vou sonhando, E quando mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho... E não sou nada!... *Eu*... EU... Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... Sombra de névoa ténue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!... Sou aquela que passa e ninguem vê... Sou a que chamam triste sem o sêr... Sou a que chora sem saber porquê... Sou talvez a visão que Alguem sonhou, Alguem que veio ao mundo p'ra me vêr, E que nunca na vida me encontrou! *Castelã da Tristêsa* CASTELÃ DA TRISTÊSA Altiva e couraçada de desdem, Vivo sòsinha em meu castelo: a Dôr! Passa por êle a luz de todo o amôr.... E nunca em meu castelo entrou alguem! Castelã da Tristêsa, vês?... A quem?!... --E o meu olhar é interrogadôr-- Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr... Chora o silêncio... nada... ninguem vem... Castelã da Tristêsa, porque choras Lendo, toda de branco, um livro de oras, Á sombra rendilhada dos vitrais?... Á noite, debruçada p'las ameias, Porque rezas baixinho?... Porque anseias?... Que sonho afagam tuas mãos reais?... *Tortura* TORTURA Tirar dentro do peito a Emoção, A lucida Verdade, o Sentimento! --E ser, depois de vir do coração, Um punhado de cinza esparso ao vento!... Sonhar um verso d'alto pensamento, E puro como um rythmo d'oração! --E ser, depois de vir do coração, O pó, o nada, o sonho dum momento!... São assim ôcos, rudes, os meus versos: Rimas perdidas, vendavaes dispersos, Com que eu iludo os outros, com que minto! Quem me déra encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, extranho e duro, Que dissesse, a chorar, isto que sinto!! *Lágrimas ocultas* LÁGRIMAS OCULTAS Se me ponho a scismar em outras éras Em que ri e cantei, em que era qu'rida, Parece-me que foi noutras esféras, Parece-me que foi numa outra vida... E a minha triste bôca dolorida Que dantes tinha o rir das primavéras, Esbate as linhas graves e severas E cae num abandôno de esquecida! E fico, pensativa, olhando o vago... Toma a brandura plácida dum lago O meu rôsto de monja de marfim... E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguem as vê brotar dentro da alma! Ninguem as vê cair dentro de mim! *Torre de névoa* TORRE DE NÉVOA Subi ao alto, á minha Torre esguia, Feita de fumo, névoas e luar, E puz-me, comovida, a conversar Com os poetas mortos, todo o dia. Contei-lhes os meus sonhos, a alegria Dos versos que são meus, do meu sonhar, E todos os poetas, a chorar, Responderam-me então: «Que fantasia, Creança doida e crente! Nós tambêm Tivemos ilusões, como ninguem, E tudo nos fugiu, tudo morreu!...» Calaram-se os poetas, tristemente... E é desde então que eu choro amargamente Na minha Torre esguia junto ao Ceu!... *A minha Dôr* A MINHA DÔR _A Você_ A minha Dôr é um convento ideal Cheio de claustros, sombras, arcarias, Aonde a pedra em convulsões sombrias Tem linhas dum requinte escultural. Os sinos teem dobres d'agonias Ao gemer, comovidos, o seu mal... E todos teem sons de funeral Ao bater horas, no correr dos dias... A minha Dôr é um convento. Ha lírios Dum roxo macerado de martírios, Tão belos como nunca os viu alguem! Nesse triste convento aonde eu móro, Noites e dias reso e grito e chóro! E ninguem ouve... ninguem vê... ninguem... *Dizêres íntimos* DIZÊRES INTIMOS É tão triste morrer na minha idade! E vou ver os meus olhos, penitentes Vestidinhos de rôxo, como crentes Do soturno convento da Saudade! E logo vou olhar (com que ansiedade!...) As minhas mãos esguias, languescentes, De brancos dedos, uns bébés doentes Que hão de morrer em plena mocidade! E ser-se novo é ter-se o Paraiso, É ter-se a estrada larga, ao sol, florida, Aonde tudo é luz e graça e riso! E os meus vinte e tres anos... (Sou tão nova!) Dizem baixinho a rir: «Que linda a vida!...» Responde a minha Dôr: «Que linda a cova!» *As minhas Ilusões* AS MINHAS ILUSÕES Hora sagrada dum entardecer D'Outono, á beira mar, côr de safira. Sôa no ar uma invisivel lira... O sol é um doente a enlanguescer... A vaga estende os braços a suster, Numa dôr de revolta cheia de ira, A doirada cabeça que delira Num último suspiro, a estremecer! O sol morreu... e veste luto o mar... E eu vejo a urna d'oiro, a baloiçar, Á flôr das ondas, num lençol d'espuma! As minhas Ilusões, dôce tesoiro, Tambem as vi levar em urna d'oiro, No Mar da Vida, assim... uma por uma... *Neurastenia* NEURASTENIA Sinto hoje a alma cheia de tristesa! Um sino dobra em mim, Ave Marias! Lá fôra, a chuva, brancas mãos esguias, Faz na vidraça rendas de Venesa... O vento desgrenhado, chora e resa Por alma dos que estão nas agonias! E flocos de neve, aves brancas, frias, Batem as azas pela Natureza... Chuva... tenho tristesa! Mas porquê?! Vento... tenho saudades! Mas de quê?! Ó neve que destino triste o nosso! Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura! Gritem ao mundo inteiro esta amargura, Digam isto que sinto que eu não posso!!... *Pequenina* PEQUENINA _Á Maria Helena Falcão Risques_ És pequenina e ris... A bôca breve É um pequeno idílio côr de rosa... Haste de lírio frágil e mimosa! Cofre de beijos feito sonho e neve! Dôce quimera que a nossa alma deve Ao Ceu que assim te fez tão graciosa! Que nesta vida amarga e tormentosa Te fez nascer como um perfume leve! O ver o teu olhar faz bem á gente... E cheira e sabe, a nossa bôca, a flôres Quando o teu nome diz, suavemente... Pequenina que a Mãe de Deus sonhou, Que ela afaste de ti aquelas dôres Que fizeram de mim isto que sou! *A Maior Tortura* A MAIOR TORTURA _A um grande poeta de Portugal_ Na vida, para mim, não ha deleite. Ando a chorar convulsa noite e dia... E não tenho uma sombra fugidía Onde poise a cabeça, onde me deite! E nem flôr de lilaz tenho que enfeite A minha atroz, imensa nostalgia!... A minha pobre Mãe tão branca e fria Deu-me a beber a Magua no seu leite! Poeta, eu sou um cardo despresado, A urze que se pisa sob os pés. Sou, como tu, um riso desgraçado! Mas a minha tortura inda é maior: Não ser poeta assim como tu és, Para gritar num verso a minha Dôr!... *A Flôr do Sonho* A FLÔR DO SONHO A Flôr do Sonho alvissima, divina Miraculosamente abriu em mim, Como se uma magnolia de setim Fosse florir num muro todo em ruina. Pende em meio seio a haste branda e fina E não posso entender como é que, emfim, Essa tão rara flôr abriu assim!... Milagre... fantasia... ou talvez, sina... Ó Flôr que em mim nascêste sem abrolhos, Que tem que sejam tristes os meus olhos Se eles são tristes pelo amôr de ti?!... Desde que em mim nascêste em noite calma, Voou ao longe a aza da minh'alma E nunca, nunca mais eu me entendi... *Noite de Saudade* NOITE DE SAUDADE A Noite vem poisando devagar Sobre a terra que inunda de amargura... E nem sequer a benção do luar A quiz tornar divinamente pura... Ninguem vem atraz dela a acompanhar A sua dôr que é cheia de tortura... E eu oiço a Noite imensa soluçar! E eu oiço soluçar a Noite escura! Porque és assim tão 'scura, assim tão triste?! É que, talvez, ó Noite, em ti existe Uma Saudade egual á que eu contenho! Saudade que eu nem sei donde me vem... Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguem!... Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!! *Angustia* ANGUSTIA Tortura do pensar! Triste lamento! Quem nos déra calar a tua voz! Quem nos déra cá dentro, muito a sós, Estrangular a hidra num momento! E não se quer pensar!... E o pensamento Sempre a morder-nos bem, dentro de nós... Qu'rer apagar no Ceu--Ó sonho atroz!-- O brilho duma estrela, com o vento!... E não se apaga, não... nada se apaga! Vem sempre rastejando como a vaga... Vem sempre perguntando. «O que te resta?...» Ah! não ser mais que o vago, o infinito! Ser pedaço de gelo, ser granito, Ser rugido de tigre na floresta! *Amiga* AMIGA Deixa-me ser a tua amiga, Amôr; A tua amiga só, já que não queres Que pelo teu amôr seja a melhor A mais triste de todas as mulheres. Que só, de ti, me venha mágua e dôr O que me importa a mim?! O que quiséres É sempre um sonho bom! Seja o que fôr Bemdito sejas tu por m'o dizêres! Beija-me as mãos, Amôr, devagarinho... Como se os dois nascessemos irmãos, Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho... Beija-mas bem!... Que fantasia louca Guardar assim, fechados, nestas mãos, Os beijos que sonhei p'rá minha bôca!... *Desejos vãos* DESEJOS VÃOS Eu qu'ria ser o Mar d'altivo porte Que ri e canta, a vastidão imensa! Eu qu'ria ser a pedra que não pensa, A Pedra do caminho, rude e forte! Eu qu'ria ser o Sol, a luz intensa, O bem do que é humilde e não tem sorte! Eu qu'ria ser a arvore tôsca e densa Que ri do mundo vão e até da morte! Mas o Mar tambêm chora de tristesa... As Arvores tambêm, como quem resa, Abrem, aos Ceus, os braços, como um crente! E o Sol altivo e forte, ao fim dum dia, Tem lágrimas de sangue na agonia! E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!... *Peor velhice* PEOR VELHICE Sou velha e triste. Nunca o alvorecer Dum riso são andou na minha bôca! Gritando que me acudam, em voz rouca, Eu, naufraga da Vida, ando a morrer! A Vida que ao nascer enfeita e touca D'alvas rosas, a fronte da mulher, Na minha fronte mística de louca Martírios só poisou a emurchecer! E dizem que sou nova... A mocidade Estará só, então, na nossa idade, Ou está em nós e em nosso peito mora?!... Tenho a peor velhice, a que é mais triste, Aquela onde nem sequer existe Lembrança de ter sido nova... outróra... *A um livro* A UM LIVRO No silêncio de cinzas do meu Ser Agita-se uma sombra de cypreste. Sombra roubada ao livro que ando a ler, A esse livro de máguas que me deste. Extranho livro aquele que escreveste Artista da saudade e do sofrer! Extranho livro aquele em que puzéste Tudo o que eu sinto, sem poder dizer! Leio-o e folhêio, assim, toda a minh'alma! O livro que me déste é meu e psalma As orações que choro e rio e canto!... Poeta egual a mim, ai quem me déra Dizer o que tu dizes!... Quem soubéra Velar a minha Dôr desse teu manto!... *Alma perdida* ALMA PERDIDA Toda esta noite o rouxinol chorou, Gemeu, rezou, gritou perdidamente! Alma de rouxinol, alma da gente, Tu és, talvez, alguem que se finou! Tu és, talvez, um sonho que passou, Que se fundiu na Dôr, suavemente... Talvez sejas a alma, alma doente D'alguem que quiz amar e nunca amou! Toda a noite choraste... e eu chorei Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei Que ninguem é mais triste do que nós! Contaste tanta coisa á noite calma, Que eu pensei que tu eras a minh'alma Que chorasse perdida em tua voz!... *De joelhos* DE JOELHOS «Bendita seja a Mãe que te gerou.» Bendito o leite que te fez crescer. Bendito o berço aonde te embalou A tua ama, p'ra te adormecer! Bendita essa canção que acalentou Da tua vida o dôce alvorecer... Bendita seja a lua que inundou De luz, a terra, só para te vêr... Benditos sejam todos que te amarem, As que em volta de ti ajoelharem, Numa grande paixão fervente e louca! E se mais que eu, um dia, te quiser Alguem, bendita seja essa Mulher, Bendito seja o beijo dessa bôca!! *Languidez* LANGUIDEZ Tardes da minha terra, dôce encanto, Tardes duma puresa d'açucenas, Tardes de sonho, as tardes de novenas, Tardes de Portugal, as tardes d'Anto. Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!... Horas benditas, leves como pênas, Horas de fumo e cinza, horas serênas, Minhas horas de dôr em que eu sou santo! Fecho as palpebras rôxas, quasi pretas, Que poisam sôbre duas violetas, Azas leves cançadas de voar... E a minha bôca tem uns beijos mudos... E as minhas mãos, uns pálidos veludos, Traçam gestos de sonho pelo ar... *Para quê?!* PARA QUÊ?! Tudo é vaidade neste mundo vão... Tudo é tristesa; tudo é pó, é nada! E mal desponta em nós a madrugada, Vem logo a noite encher o coração! Até o amôr nos mente, essa canção Que o nosso peito ri á gargalhada, Flôr que é nascida e logo desfolhada, Pétalas que se pisam pelo chão!... Beijos d'amôr! P'ra quê?!... Tristes vaidades! Sonhos que logo são realidades, Que nos deixam a alma como morta! Só acredita neles quem é louca! Beijos d'amor que vão de bôca em bôca, Como pobres que vão de porta em porta!... *Ao vento* AO VENTO O vento passa a rir, torna a passar, Em gargalhadas asp'ras de demente; E esta minh'alma trágica e doente Não sabe se ha de rir, se ha de chorar! Vento de voz tristonha, voz plangente, Vento que ris de mim, sempre a troçar, Vento que ris do mundo e do amar, A tua voz tortura toda a gente!... Vale-te mais chorar, meu pobre amigo! Desabafa essa dôr a sós comigo, E não rias assim!... Ó vento, chóra! Que eu bem conheço, amigo, êsse fadário Do nosso peito ser como um Calvario, E a gente andar a rir p'la vida fóra!!... *Tédio* TÉDIO Passo pálida e triste. Oiço dizer «Que branca que ela é! Parece morta!» E eu que vou sonhando, vaga, absorta, Não tenho um gesto, ou um olhar sequer... Que diga o mundo e a gente o que quizer! --O que é que isso me faz?... O que me importa?... O frio que trago dentro gela e corta Tudo que é sonho e graça na mulher! O que é que isso me importa?! Essa tristesa É menos dôr intensa que friesa, É um tédio profundo de viver! E é tudo sempre o mesmo, eternamente... O mesmo lago plácido, dormente... E os dias, sempre os mesmos, a correr... *A minha Tragédia* A MINHA TRAGÉDIA Tenho ódio á luz e raiva á claridade Do sol, alegre, quente, na subida. Parece que a minh'alma é perseguida Por um carrasco cheio de maldade! Ó minha vã, inutil mocidade Trazes-me embriagada, entontecida!... Duns beijos que me déste, noutra vida, Trago em meus lábios rôxos, a saudade!... Eu não gosto do sol, eu tenho medo Que me leiam nos olhos o segrêdo De não amar ninguem, de ser assim! Gosto da Noite imensa, triste, preta, Como esta extranha e doida borboleta Que eu sinto sempre a voltejar em mim!... *Sem remédio* SEM REMÉDIO Aqueles que me teem muito amôr Não sabem o que sinto e o que sou... Não sabem que passou, um dia, a Dôr, Á minha porta e, nesse dia, entrou. E é desde então que eu sinto êste pavôr, Este frio que anda em mim, e que gelou O que de bom me deu Nosso Senhor! Se eu nem sei por onde ando e onde vou!! Sinto os passos da Dôr, essa cadência Que é já tortura infinda, que é demência! Que é já vontade doida de gritar! E é sempre a mesma mágua, o mesmo tédio, A mesma angústia funda, sem remédio, Andando atraz de mim, sem me largar!... *Mais triste* MAIS TRISTE É triste, diz a gente, a vastidão Do Mar imenso! E aquela voz fatal Com que êle fala, agita o nosso mal! E a Noite é triste como a Extrema Unção! É triste e dilacera o coração Um poente do nosso Portugal! E não veem que eu sou... eu... afinal, A coisa mais maguada das que o são?!... Poentes d'agonia trago-os eu Dentro de mim e tudo quanto é meu É um triste poente d'amargura! E a vastidão do Mar, toda essa agua Trago-a dentro de mim num Mar de Mágua! E a Noite sou eu própria! A Noite escura!! *Velhinha* VELHINHA Se os que me viram já cheia de graça Olharem bem de frente para mim, Talvez, cheios de dôr, digam assim: «Já ela é velha! Como o tempo passa!...» Não sei rir e cantar por mais que faça! Ó minhas mãos talhadas em marfim, Deixem esse fio d'oiro que esvoaça! Deixem correr a vida até ao fim! Tenho vinte e tres anos! Sou velhinha! Tenho cabelos brancos e sou crente... Já murmuro orações... falo sòsinha... E o bando côr de rosa dos carinhos Que tu me fazes, olho-os indulgente, Como se fosse um bando de nètinhos... *Em busca do Amôr* EM BUSCA DO AMOR O meu Destino disse-me a chorar: «Pela estrada da Vida vae andando; E, aos que vires passar, interrogando Acerca do Amôr que has de êncontrar.» Fui pela estrada a rir e a cantar, As contas do meu sonho desfiando... E noite e dia, á chuva e ao luar, Fuí sempre caminhando e perguntando... Mesmo a um velho eu perguntei: «Velhinho, Viste o Amôr acaso em teu caminho?» E o velho estremeceu... olhou... e riu... Agora pela estrada, já cançados Voltam todos p'ra traz, desanimados... E eu paro a murmurar: Ninguem o viu!...» *Impossivel* IMPOSSIVEL Disseram-me hoje, assim, ao vêr-me triste: «Parece Sexta Feira de Paixão. Sempre a scismar, scismar, d'olhos no chão, Sempre a pensar na dôr que não existe... O que é que tem?! Tão nova e sempre triste! Faça por 'star contente! Pois então?!...» Quando se sofre o que se diz é vão... Meu coração, tudo, calado ouviste... Os meus males ninguem mos adivinha... A minha Dôr não fala, anda sòsinha... Dissesse ela o que sente! Ai quem me déra!... Os males d'Anto toda a gente os sabe! Os meus... ninguem... A minha Dôr não cabe Nos cem milhões de versos que eu fizéra!... ÍNDICE Êste livro Vaidade Eu... Castelã da Tristesa Tortura Lágrimas ocultas Torre de névoa A minha dôr Dizêres íntimos As minhas ilusões Neurastenia Pequenina A maior tortura A flôr do sonho Noite de saudade Angustia Amiga Desejos vãos Peor velhice A um livro Alma perdida De joelhos Languidez Para quê?! Ao vento Tédio A minha tragédia Sem remédio Mais triste Velhinha Em busca do amôr Impossivel ACABOU-SE DE IMPRIMIR ÊSTE LIVRO NO MÊS DE JUNHO DE 1919 NA TIPOGRAFIA MAURICIO, RUA DO SALITRE, 102-A LISBOA End of the Project Gutenberg EBook of Livro de Máguas, by Florbela Espanca *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK LIVRO DE MÁGUAS *** ***** This file should be named 17610-8.txt or 17610-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/1/7/6/1/17610/ Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. Special rules, set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you do not charge anything for copies of this eBook, complying with the rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose such as creation of derivative works, reports, performances and research. They may be modified and printed and given away--you may do practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is subject to the trademark license, especially commercial redistribution. *** START: FULL LICENSE *** THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free distribution of electronic works, by using or distributing this work (or any other work associated in any way with the phrase "Project Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project Gutenberg-tm License (available with this file or online at http://gutenberg.org/license). Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm electronic works 1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to and accept all the terms of this license and intellectual property (trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. 1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be used on or associated in any way with an electronic work by people who agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works even without complying with the full terms of this agreement. See paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic works. See paragraph 1.E below. 1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the collection are in the public domain in the United States. If an individual work is in the public domain in the United States and you are located in the United States, we do not claim a right to prevent you from copying, distributing, performing, displaying or creating derivative works based on the work as long as all references to Project Gutenberg are removed. Of course, we hope that you will support the Project Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with the work. You can easily comply with the terms of this agreement by keeping this work in the same format with its attached full Project Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. 1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of change. If you are outside the United States, check the laws of your country in addition to the terms of this agreement before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this work or any other Project Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning the copyright status of any work in any country outside the United States. 1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: 1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, copied or distributed: This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org 1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived from the public domain (does not contain a notice indicating that it is posted with permission of the copyright holder), the work can be copied and distributed to anyone in the United States without paying any fees or charges. If you are redistributing or providing access to a work with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted with the permission of the copyright holder, your use and distribution must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the permission of the copyright holder found at the beginning of this work. 1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm License terms from this work, or any files containing a part of this work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. 1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this electronic work, or any part of this electronic work, without prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with active links or immediate access to the full terms of the Project Gutenberg-tm License. 1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any word processing or hypertext form. However, if you provide access to or distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than "Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm License as specified in paragraph 1.E.1. 1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided that - You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method you already use to calculate your applicable taxes. The fee is owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he has agreed to donate royalties under this paragraph to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments must be paid within 60 days following each date on which you prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax returns. Royalty payments should be clearly marked as such and sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the address specified in Section 4, "Information about donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." - You provide a full refund of any money paid by a user who notifies you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm License. You must require such a user to return or destroy all copies of the works possessed in a physical medium and discontinue all use of and all access to other copies of Project Gutenberg-tm works. - You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the electronic work is discovered and reported to you within 90 days of receipt of the work. - You comply with all other terms of this agreement for free distribution of Project Gutenberg-tm works. 1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE. 1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a written explanation to the person you received the work from. If you received the work on a physical medium, you must return the medium with your written explanation. The person or entity that provided you with the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a refund. If you received the work electronically, the person or entity providing it to you may choose to give you a second opportunity to receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy is also defective, you may demand a refund in writing without further opportunities to fix the problem. 1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS', WITH NO OTHER WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance with this agreement, and any volunteers associated with the production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, that arise directly or indirectly from any of the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of electronic works in formats readable by the widest variety of computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email [email protected]. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at http://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director [email protected] Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit http://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: http://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks. *** END: FULL LICENSE ***