Lyra da Mocidade

By Faustino Fonseca Júnior

The Project Gutenberg EBook of Lyra da Mocidade, by Faustino Fonseca Júnior

This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
almost no restrictions whatsoever.  You may copy it, give it away or
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
with this eBook or online at www.gutenberg.org


Title: Lyra da Mocidade
       Primeiros Versos

Author: Faustino Fonseca Júnior

Release Date: November 11, 2007 [EBook #23442]

Language: Portuguese


*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK LYRA DA MOCIDADE ***




Produced by Vasco Salgado





+LYRA DA MOCIDADE+




TYP. ARTISTICA
27--Rua do Visconde de Bruges--29




+Faustino Fonseca J.^or+


+LYRA DA MOCIDADE+

(Primeiros versos)


Angra do Heroismo

1892




A MEU AVÔ

O SNR. ANTONIO RODRIGUES DE FREITAS




+LYRA DA MOCIDADE+


Os versos na mocidade
   Todos fazem, e a razão
   É serem necessidade
   Aos risos do coração.

O futuro côr de roza,
   O mundo cheio de encantos;
   A nossa alma jubilosa
   Não chorou amargos prantos.

Desde o ar que se respira,
   Ao ceo da côr de saphira,
   Tudo ri e diz--Amar!

E contemplando a belleza,
   O sorrir da natureza,
   Sabemos todos cantar.




+ELLA+


O busto esculptural e primoroso,
   O braço torneado, a linda mão,
   O rosto avelludado e tão mimozo
   Que da roza assemelha-se ao botão.

O cabello d'um negro tão lustroso,
   A boquinha vermelha, ó perfeição!
   O olhar d'um fulgôr tão radioso,
   Que belleza e ternura d'expressão!

Ao vêl-a devaneio, fico louco,
   Creio que o meu amôr todo inda é pouco
   Lembrei-me, e se deixasse de a adorar?

Pode deixar d'amar-se os astros lindos,
   Do ceo e terra os dons os bens infindos,
   A luz doce e tão pura do luar?


Angra do Heroismo,
1890




+O MAR+


Gigante irrequieto, immenso mar,
   Inspira-me tão funda nostalgia
   O teu sonoro e doce murmurar!

Quando ao sol posto a areia luzidia
   Tu vens traquillamente rebeijar
   N'alma despertas maga poesia.

O teu esverdeado transparente
   Fala-nos meigamente d'esperança
   A ondular poetico, dolente,

Beijado pelas auras da bonança;
   Parece-me o brincar puro, innocente,
   Inofensivo e meigo da creança!

     *     *     *     *     *

Mas quando agitas o teu seio immenso
   No voltear das vagas alterosas
   Rugindo com fragor enorme, intenso,

Já não tem expressões harmoniosas
   Teu palpitar e n'essa hora eu penso
   Em coisas bem sinistras, pavorosas.

Ó monstro, no teu seio tens sumido
   Victimas aos milhões, causas terror,
   Tens navios, cidades engulido.

Será um côro de vingança e dôr
   Das victimas, ó mar, o teu rugido,
   Ou do remorso o pávido clamor?


Angra do Heroismo
1890




+31 DE JANEIRO DE 1891+

Aos Revolucionarios do Porto


Foi ha um anno já! Leaes, ardentes
   Filhos do nosso querido Portugal,
   Viva, viva a Republica! Valentes,
   Bradaram em hosana triumphal,

Ao som da Portugueza revoltados,
   Hastearam ao sol nosso pendão,
   E pelo Justo Ideal, rudes soldados,
   Luctaram sempre até morder o chão!

Os cerbéros fieis da monarchia
   Afogaram, porém, a rebeldia
   Em ondas de bom sangue, carniceiros!

E os bravos que luctavam com esperança
   Cahiram a bradar: Odio! Vingança!
   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
   É tempo já! Vingar os Companheiros!


Lisboa, 1982




+O GUERRILHEIR0+

Excerpto


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Na lucta, sim! Na lucta! Ella ha-de ser perigosa,
   Tem força o estrangeiro e nós desamparados,
   Na lucta, sim, na lucta! Antes a morte honrosa
   E contra o invasor todos somos soldados.
Na lucta, sim, na lucta! A patria tão querida
   Não querem ambições estranhas respeitar;
   Não sabem que pr'a nós ella é santa guarida
   Onde temos familia, a mãe, a esposa, o lar!
A patria! O berço querido aonde nós brincámos,
   As doces illusões, formoso eden de amores,
   O prado onde corremos, onde balbuciámos,
   Onde tudo são risos, onde tudo são flôres.
Imaginar alguem que pode impunemente
   Roubar, acommetter a nossa boa terra!
   Á lucta havemos de ir desassombradamente,
   E por todos os meios lhe faremos a guerra!
Á lucta! Hão-de correr os rudes camponezes,
   Á lucta! Hão-de chegar os destros marinheiros,
   Á lucta! Hão-de accudir todos os portuguezes,
   Á lucta! Havemos de ir contra esses estrangeiros!
Os rios, a montanha, as selvas, o arvoredo,
   As pedras da calçada, os vagalhões do mar,
   O solo, o proprio solo! A voz do fragoedo,
   Tudo isso contra elles se ha-de levantar.
Á lucta! Ha-de echoar n'um gigantesco brado
   Da extensa planicie ao recondito val,
   O povo ha-de accudir. Um homem um soldado,
   Um soldado um heroe pr'a salvar Portugal!


Acto I Scena final




+PORQUE TE AMO+


Amo-te porque és tão linda
   Como é linda a luz do sol,
   Tens o frescor da alvorada,
   Tens a côr afogueada
   Como os tons d'um arrebol.

Amo-te porque és tão bella
   Como é bella a flôr mimosa
   Que viceja n'um jardim,
   A açucena ou o jasmim,
   O lyrio, o cravo, uma roza.

Amo-te porque fascinas
   Com esse olhar fulgurante
   Que asseteia os corações,
   D'esses olhos dois carvões,
   A graça do teu semblante.

Amo-te porque és bonita
   Com esse preto cabello,
   Em anneis fulvos, sedosos,
   Cobrindo os hombros formosos
   Fulgurante, crespo, bello.

Amo-te emfim porque és meiga
   Qual pomba que arrulha mansa,
   Porque és boa e carinhosa,
   E esta alma angustiosa
   Precisa d'amor, creança.

Precisa d'amor! Não sabes
   Que é luctar o viver?
   O homem soffre amarguras
   Por isso busca ternuras
   No seio d'uma mulher.


Angra do Heroismo
1892




+A SAUDADE+


Era de tarde ao pôr do sol, a brisa
   Vinha fagueira a remecher as flôres,
   Iam velozes sobre a fronte liza
   Do Tejo d'ouro de ideaes amores,

Ligeiros barcos, avesinhas mansas.
   Desferidos em harpas geniaes,
   Por virgens d'olhar meigo e loiras tranças,
   Vinham threnos sublimes, ideaes.

O mundo todo pleno d'harmonia.
   Eu, só, fitava a solidão do mar
   Dominado d'ideal melancolia.

E que buscava então na immensidade?
   É que me vinha fundo cruciar
   O acerado espinho da saudade!


Algés, 1890




+ESPERANÇA+


Fitei o teu retrato tristemente
   Cansado do trabalho, sem alento,
   O espirito meu n'esse momento
   Soffria acerbamente, amargamente.

Comtemplei-o e dei-lhe um beijo ardente
   Para desafogar o sofrimento,
   Pareceu-me que sorrias, pensamento
   Que me passou no cerebro latente.

E fui abandonado pl'a tristeza,
   Recobrei para a lucta mais vigor
   Trabalharei tenaz e com firmeza.

Vou-me tornar estoico contra a dor.
   Eu vi n'esse sorrir de tal belleza
   A firme espr'ança d'um eterno amor!


Lisboa, 1891




+Á MEMORIA

DE

ALFREDO LOPES+


Viver! O que é viver! Arrastar a existencia
   No vasto labyrintho onde só reina a dor;
   N'um pouco de materia é guia a consciencia
   Quasi a perder-se a força, a faltar o valor.

Morrer! Passar além! Da lucta repousar,
   Deixar por uma vez do mundo as agonias;
   Descer á terra mãe, os lyrios fecundar,
   Servir de refeição aos vermes nas orgias.

Mas coisa alguma nasce e coisa alguma morre.
   Transforma-se a materia em mil combinações:
   Seiva, no vegetal as hastes lhe percorre;
   Sangue, faz palpitar os nossos corações.

Tu então não morreste; apenas d'esta lida
   Immensa, em que mostraste o fulgido talento,
   Descanças. No teu corpo ha ainda essa vida
   Que palpita da terra ao proprio firmamento.

A vida da materia. Então bellas, formozas,
   Por cima d'essa campa onde agora repouzas,
   Hão-de brotar de ti as lindas flores viçosas
   Na vaga poesia harmonica das cousas.

Rosas a recordar teu risonho futuro,
   A tua juventude os cravos em botão,
   O martyrio o finar na dôr tão prematuro,
   O cypreste a lembrar teu grande coração!


Angra do Heroismo,
9-9-88




+A REVOLUÇÃO+


Campeia a tyrania, esmaga, oprime,
   E da vontade o despota faz lei,
   Do povo a justa voz cala, reprime,
   Ou dictador, ou presidente, ou rei.

Calca aos pés os direitos mais sagrados
   E trucida os que querem reagir,
   Apoiam-n'o as bayonetas dos soldados
   Não teme pois da plebe o rebramir.

Mas de repente os odios comprimidos
   Estalam sanguinosos, em rugidos,
   Irrompem como a lava do vulcão,

Fazem voar o throno em estilhaços,
   A liberdade impõe com rudes braços,
   É a tua grande obra--Revolução--


Lisboa 1891




+ASPIRAÇÕES+


Oh! Quem me dera beijar-te
   A tua face rosada,
   Esses labios de carmim.
   Oh! Quem podesse abraçar-te
   E gozar, ó gentil fada,
   Caricias ternas, sem fim.

Quem podesse contra o seio
   Estreitar-te e essa boquinha
   Sorvel-a n'um beijo quente,
   E sentir-te em devaneio
   Palpitar, gosar, louquinha,
   Caricias de amor ardente.

Desprezando os preconceitos
   Sellemos com esse amor
   Potente da nossa edade,
   Estreitando os nossos peitos,
   Em plena vida d'amor,
   Mil juras de felicidade!

Que dizes, linda, pois córas?
   Antegosas as delicias?
   Suspiras rubra de pejo?
   Ou na tua mente infloras
   Esses milhões de caricias
   O amoroso d'um beijo?

Pois bem, gozemos, meu anjo,
   E sejamos sempre queridos
   Um do outro, minha flôr,
   E das delicias o archanjo
   Venha achar nos sempre unidos
   Gozando do nosso amor!


Angra do Heroismo,
1892




+OS CREPES DE CAMÕES+


Portugal jáz por terra! Esta patria querida
   Dos fortes, dos heroes, dos rudes marinheiros,
   Esta nação valente, homerica, aguerrida
   Que soube rechaçar outr'ora os estrangeiros,

Jáz por terra abatida! A bandeira de gloria
   Que fulgurou ovante ao sol de cem combates
   E sempre ha-de brilhar, aqui, em toda a historia
   Que foi desde o Brazil ás regiões do Gates.

Hoje roja-se no pó! De tudo o que tivemos
   De brio, heroicidade, altivez e coragem
   Nada nos resta já! Parece que viemos
   Perdendo tudo, tudo, em funebre viagem!

A propria honra se foi! Um insulto cruel
   Fez agitar um dia o lodaçal enorme,
   Houve gritos de raiva, amarguras de fel
   Mas já tudo passou! E o povo dorme... dorme!

O derradeiro arranco! Ao pobre muribundo
   Não resta d'esperança um lampejo fugaz,
   Hoje existe sómente a mostrar-nos ao mundo
   Um sepulcro marmoreo, um funebre _aqui jaz_.

Synthetizou outr'ora um esperançoso ideal
   Em honra do cantor das nossas tradicções,
   Hoje existe de pé por sobre o tremedal
   Um symbolo de morte:
                              O lucto de Camões!


Lisboa, 11-1-91




+A BORDO+


Vamos no alto mar, a noite lentamente
   Encobre pouco a pouco a abobada celeste;
   Ha pallidos clarões das bandas do occidente
   E sopra uma rajada aguda de Nordeste.

Corre a todo o vapor, com impeto potente
   O navio rasgando a superficie agreste
   Do gigantesco oceano. As ondas febrilmente
   Tem o tom verde-negro e triste do cypreste.

Só vemos ceo e mar, o horizonte enorme,
   Cercados pelo gigante immenso que não dorme
   No monotono circo é plena a solidão.

N'essa tremenda lucta o pensamento humano
   Mostra pujantemente, ao dominar o oceano,
   Um cerebro o que vale! o que é um coração!


A bordo do _Funchal_,
1891




+ROZA EM BOTÃO+

A. E. S.


Que lindo botão de rosa,
   Oh! como é bella esta flôr,
   E tens inda mais valor
   Por seres offerta amoroza.

Gentil, risonha e mimoza
   Elvira imitas na côr;
   Ella é pura como a flôr
   E tu como ella és formoza.

Mas, apesar da parecença,
   Sempre existe uma differença
   Em que te distingues d'ella;

É que a roza tem espinhos,
   Elvira ternos carinhos,
   Que a tornam inda mais bella.


Angra do Heroismo,
1892




+TEMPESTADE E BONANÇA+


Soprava rijamente o vento Norte
   E caía um terrivel aguaceiro;
   Enorme escuridão, lembrava a morte...
   Mas não descria o rude marinheiro!

Rugia o mar e ao soffrer o corte
   Da prôa revoltava-se altaneiro,
   Varria o tombadilho. Sempre forte
   Ia o vapor correndo audaz, ligeiro.

Echoava o trovão. Mas de repente
   Ao vendaval succede-se a bonança,
   O nevoeiro esvae-se lentamente,

A chuva pára, o oceano amansa;
   O sol mostra seu disco reluzente,
   Nos rostos pairam os sorrires d'esp'rança.


Lisboa 1891.




+AS ESTRELLAS+


Da minha alegre janella
   Vejo uma nesga do ceo;
   É noite serena, bella,
   Espaireço o olhar meu,

A contemplar as estrellas
   Que scintillam diamantinas,
   Recorda-me sempre ao vel-as
   Tuas graças peregrinas.

Que queres, pois se te não vejo,
   Como outr'ora, na varanda
   Trocando phrazes amantes?

Por isso mando-te um beijo
   Na briza suave, branda,
   Fitando os astros brilhantes.


Lisboa, 1891




+CEMITERIO+


No cemiterio alvejam mausoléos
   De pedras rendilhadas e custosas;
   Elegantes, guindados corucheos;
   Epithaphios, legendas caprichosas.

Ali jazem os ricos. Nas pompozas
   Inscripções se vae ler os nomes seus.
   Em outras campas só se vêem rozas,
   Goivos, martyrios, contemplando os ceos.

A jazida dos pobres. Trabalhando
   Morreram e ali estão alimentando
   A terra onde essas flôres se vão nutrir.

Em quanto os outros distraidos, futeis,
   Viveram ociosos, sempre inuteis,
   E nem sequer d'estrume vão servir!


Lisboa, 1891




+A PROSTITUTA+


A rua é miseravel, suja, estreita,
   Como um terrivel antro criminoso,
   E d'uma porta a prostituta espreita
   O transeunte lubrico, cioso.

É repellente, quanto mais enfeita
   O cabello postiço e unctuoso.
   Teve illusões, quem sabe, hoje desfeita,
   A graça d'esse rosto alvar oleoso,

Veio cahir n'aquelle lodaçal
   Onde se espoja torpe, embriagada,
   Até ir decompor-se no hospital

Se o amante que tem a desgraçada
   Não lhe der caridoso, bestial,
   O descanço pr'a sempre á navalhada.


Lisboa, 1891




+AMOROSO+


Eu amo-te, amo-te tanto
   Talvez não saibas o quanto
   Meu coração fazes pulsar;
   Talvez não saibas, ó linda,
   Como a tua graça infinda
   Me faz viver para amar.

Amo-te a face formoza,
   Amo-te a boca de roza,
   Amo-te o negro cabello,
   Amo-te o gesto mavioso,
   O sorrir casto e bondoso,
   O olhar gracioso e bello.

Adoro-te a singelleza
   Que é engaste da belleza,
   Amo-te o lindo rubor
   Com que te purpurizaste,
   Quando tremula escutaste
   As juras do nosso amôr.

Encontrei-te, o meu coração
   Satisfez a aspiração
   E tenho um novo viver.
   Acho mais bellos os prados,
   Os tons do sol mais dourados,
   Em tudo o amor julgo vêr.

Oh! se o teu amôr assim
   Fôr tão ardente por mim,
   Não haverá nada igual
   Á pura felicidade
   Dos dias da mocidade,
   Ao meu risonho ideal.


Angra do Heroismo,
1890




+A CARIDADE+


I

Caridade, quem és! Quem te inventou?
   Para que serves, quaes os meios teus,
   A tua agencia, assim, quem t'a arranjou,
   Para que vens fallar-nos sempre em Deus!

Em Deus! Quando o universo elle creou
   Legou a alguem riquezas ou tropheos!
   Quaes foram os brazões, que bens doou?
   Venderia indulgencias lá dos ceos?

Mentes, que nunca fez separações,
   Nem fez a fome nem as privações,
   O mundo concedeu á húmanidade.

Mas como é que ha então ricos e pobres?
   Como é que existem os plebeus e os nobres?
   Que significas pois, ó caridade?


II

Rebanhos a pastarem nas campinas,
   As aves a cruzarem-se no ar,
   O serpear das aguas argentinas,
   Os fructos a dourarem no pomar;

A pureza das auras matutinas,
   Os dias que o bom sol nos vem dourar,
   As flores assetinadas, purpurinas,
   As poeticas noites de luar;

Os campos no sorrir da primavera,
   A selva, as fragas onde vive a fera,
   O universo em toda a immensidade,

Nunca foi concedido por herança.
   Era pr'a humanidade a esperança
   De um dia conquistar a felicidade.


III

Os maus, porém, poderam com presteza
   Empolgar o que a todos pertencia.
   O sangue era direito a uns--Nobreza--
   E aos d'hoje o dinheiro--A burguezia--

E foi assim que os bens da natureza,
   Que o creador a todos concedia,
   Se viram disputados com fereza,
   Se viram empolgar com ousadia.

E appareceu a fome. Então aos pobres
   Os ricos atirando com uns cobres
   Inventaram um Deus de caridade.

Mas haverem luctar, embora custe,
   Depor de todo a Caridade-embuste.
   Hastear a bandeira da Egualdade!


Lisboa, 1892




+AS REVOLUÇÕES+

Excerpto


. . . . . . . . . . . . . . . Um de nós que cahir
   Das entranhas da terra ha-de fazer surgir
   Milhares de vingadores promptos a combater.
   Pela causa da patria a quem custa morrer?
   O sangue vae regar a arvore bemdita
   Da santa liberdade! O fogo que crepita
   Aldeias a queimar, cidades e castellos,
   A forca gemebunda, os gumes dos cutellos,
   As algemas de ferro, as fortes legiões,
   A chuva da metralha, a boca dos canhões,
   Sacrificios crueis, o jugo do tyranno,
   Esmagando o direito, o pensamento humano,
   Isso tudo o que vale! Conseguirá deter
   O carro do Progresso?. . . . . . . . . . . . .
   . . . . . . . . . . . . . Tu lembras-te de ver
   O mar quando revolto agita o dorso hiruto,
   N'um palpitar gigante, ameaçador e brusto
   O que faz ao navio, o mais forte que seja?
   Sabes a vaga enorme que elle altivo dardeja,
   Como destroe as naus mais ricas e possantes,
   As frotas que sepulta numerosas, gigantes,
   Como galga furioso anteparos muralhas.
   Elle joga os rochedos como se fossem palhas,
   E vae cavando sempre e sempre transformado
   A miseria, a ruina, o lodo sepultando?
   Detenham-no vão por-lhe um dique, uma corrente
   Para que não avance, obstaculo potente,
   Elle deve temer os fortes paredões.
   Galga tudo porém!. . . . . . . . . . . . . . .
   . . . . . . . . . . . . . Assim as revolucções
   Por sobre a sociedade avançam triumphaes
   Entre os hymnos de amor e furias de chacaes,
   Entre rios de sangue e tremedaes de lama
   Hasteando por fim libertadora flamma
   Os povos redimindo!. . . . . . . . . . . . . .


Guerrilheiro--Acto IV--Scena II




+EM VIAGEM+


Noite de lua cheia, pura brisa
   Agita caprichosamente o mar
   Onde o navio rapido desliza,

Dentro da superficie circular
   Formada pelas aguas buliçosas
   Que a abobada celeste vem ta upar.

As nuvens, em manadas caprichosas,
   O vapor desafiam na carreira,
   Passando em turbilhões vertiginosas.

Deffendendo o navio, precavida,
   As aguas vae tingir de rubra côr,
   A lanterna vermelha, suspendida,

E faz correr do flanco do vapor
   Um jacto côr de sangue, qual baleia,
   Ferida pela mão do trancador.

A proa corta a vaga que volteia.
   Ha um arfar giganteo, convulsivo,
   D'um immenso coração que bate e anceia.

E d'aquelle organismo, forte, vivo,
   Saem soluços de estridor medonho,
   Saem rugidos d'um toar altivo.

Esse gigante que se ri do oceano
   É creação, quasi milagre, sonho,
   D'outro gigante, o pensamento humano!


A bordo do _Funchal_,
1891




+LYRISMO+


Quizera possuir a lyra harmoniosa
   Dos vates geniaes, dos reis da poesia
   De Camões ou do Tasso, o Dante ou Cimaros
   A bella inspiração a doce melodia.

Para te descrever em rima caprichosa
   O meu amor sem fim, ir com a moda queria,
   Dedicar-te um poema e chamar-te formoza
   Tratar-te por _Marilia_ em vez do teu _Maria_.

Mas os versos por mais que faça vão errados,
   Não soam nunca bem e fogem á medida,
   E por isso não quero estar com mais cuidados.

Gosto muito de ti, bem o sabes querida.
   Mas não posso imitar os outros namorados
   Piegas que em idilio arrastam toda a vida.


Lisboa, 1890




+MINIATURA+


O ceo puro e sereno,
   O mar auri-fulgente,
   O ar tepido, ameno,
   O campo sorridente,

A rama do arvoredo,
   A frança dos salgueiros,
   A voz do fragoedo,
   Que limpidos ribeiros!

Ao fundo entre a folhagem
   Beijada pela aragem
   Risonha reclinada

Estavas tu, Elvira.
   Eu empunhando a lyra
   Cantei a minha amada.


Angra do Heroismo,
1982




+DESCRENÇA+


Trabalho. E cada dia que decorre
   Vem trazer-me maior desilusão.
   É mais uma esperança que me morre,
   É mais um fundo golpe ao coração.

E acreditava, louco, no direito!
   E cria, visionario, na honradez!
   Inda abrigava puras no meu peito
   Illusões que este pantano desfez!

A ganancia, a ambição, a intriga vil,
   Como sapos e rãs n'um lodaçal,
   Asquerosos, vão tudo macular.

Vence o ladrão, o nescio, o imbecil
   Oh! Quem tivesse o rir de Juvenal,
   Um raio pr'a orgia fulminar!


Lisboa, 1892




+LUAR+


Como é linda esta noite de luar!
   Nos raios de fulgor phosphorecente
   Vejo recordações do teu olhar!

Fico então a scismar. Mas de repente
   Uma nuvem pesada, vagarosa,
   Lembra-me de que estás saudosamente

Tanto longe de mim! E pesarosa
   Fica minha alma a contemplar o ceo
   Ennamorada, crente e desditoza.

E contudo d'iviso um sorrir teu
   No puro azul d'estrellas scintillante
   Onde vagueia o pensamento meu!

Tudo consola um coração amante.
   A crença de que estás tambem fitando
   O lindo ceo de mundos fulgurante,

O nosso puro amor idealisando,
   Isso me basta ao coração amante,
   E me vae a saudade mitigando!


Lisboa, 1891




INDICE


Lyra da mocidade
Ella
O Mar
31 de Janeiro de 1891
O Guerrilheiro
Porque te amo
A saudade
Esperança
Á memoria de Alfredo Lopes
A Revolução
Aspirações
Os Crepes de Camões
A Bordo
Roza em Botão
Tempestade e Bonança
As Estrellas
Cemiterio
A Prostituta
Amoroso
A Caridade
As Revoluções
Em viagem
Lyrismo
Miniatura
Descrença
Luar





End of Project Gutenberg's Lyra da Mocidade, by Faustino Fonseca Júnior

*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK LYRA DA MOCIDADE ***

***** This file should be named 23442-8.txt or 23442-8.zip *****
This and all associated files of various formats will be found in:
        http://www.gutenberg.org/2/3/4/4/23442/

Produced by Vasco Salgado

Updated editions will replace the previous one--the old editions
will be renamed.

Creating the works from public domain print editions means that no
one owns a United States copyright in these works, so the Foundation
(and you!) can copy and distribute it in the United States without
permission and without paying copyright royalties.  Special rules,
set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to
copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to
protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark.  Project
Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you
charge for the eBooks, unless you receive specific permission.  If you
do not charge anything for copies of this eBook, complying with the
rules is very easy.  You may use this eBook for nearly any purpose
such as creation of derivative works, reports, performances and
research.  They may be modified and printed and given away--you may do
practically ANYTHING with public domain eBooks.  Redistribution is
subject to the trademark license, especially commercial
redistribution.



*** START: FULL LICENSE ***

THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE
PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK

To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free
distribution of electronic works, by using or distributing this work
(or any other work associated in any way with the phrase "Project
Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project
Gutenberg-tm License (available with this file or online at
http://gutenberg.org/license).


Section 1.  General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm
electronic works

1.A.  By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm
electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to
and accept all the terms of this license and intellectual property
(trademark/copyright) agreement.  If you do not agree to abide by all
the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy
all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession.
If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project
Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the
terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or
entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8.

1.B.  "Project Gutenberg" is a registered trademark.  It may only be
used on or associated in any way with an electronic work by people who
agree to be bound by the terms of this agreement.  There are a few
things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works
even without complying with the full terms of this agreement.  See
paragraph 1.C below.  There are a lot of things you can do with Project
Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
works.  See paragraph 1.E below.

1.C.  The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation"
or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
Gutenberg-tm electronic works.  Nearly all the individual works in the
collection are in the public domain in the United States.  If an
individual work is in the public domain in the United States and you are
located in the United States, we do not claim a right to prevent you from
copying, distributing, performing, displaying or creating derivative
works based on the work as long as all references to Project Gutenberg
are removed.  Of course, we hope that you will support the Project
Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by
freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of
this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with
the work.  You can easily comply with the terms of this agreement by
keeping this work in the same format with its attached full Project
Gutenberg-tm License when you share it without charge with others.

1.D.  The copyright laws of the place where you are located also govern
what you can do with this work.  Copyright laws in most countries are in
a constant state of change.  If you are outside the United States, check
the laws of your country in addition to the terms of this agreement
before downloading, copying, displaying, performing, distributing or
creating derivative works based on this work or any other Project
Gutenberg-tm work.  The Foundation makes no representations concerning
the copyright status of any work in any country outside the United
States.

1.E.  Unless you have removed all references to Project Gutenberg:

1.E.1.  The following sentence, with active links to, or other immediate
access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently
whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the
phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project
Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed,
copied or distributed:

This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
almost no restrictions whatsoever.  You may copy it, give it away or
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
with this eBook or online at www.gutenberg.org

1.E.2.  If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived
from the public domain (does not contain a notice indicating that it is
posted with permission of the copyright holder), the work can be copied
and distributed to anyone in the United States without paying any fees
or charges.  If you are redistributing or providing access to a work
with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the
work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1
through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the
Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or
1.E.9.

1.E.3.  If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted
with the permission of the copyright holder, your use and distribution
must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional
terms imposed by the copyright holder.  Additional terms will be linked
to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the
permission of the copyright holder found at the beginning of this work.

1.E.4.  Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm
License terms from this work, or any files containing a part of this
work or any other work associated with Project Gutenberg-tm.

1.E.5.  Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this
electronic work, or any part of this electronic work, without
prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with
active links or immediate access to the full terms of the Project
Gutenberg-tm License.

1.E.6.  You may convert to and distribute this work in any binary,
compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any
word processing or hypertext form.  However, if you provide access to or
distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than
"Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version
posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org),
you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a
copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon
request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other
form.  Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm
License as specified in paragraph 1.E.1.

1.E.7.  Do not charge a fee for access to, viewing, displaying,
performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works
unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9.

1.E.8.  You may charge a reasonable fee for copies of or providing
access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided
that

- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from
     the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method
     you already use to calculate your applicable taxes.  The fee is
     owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he
     has agreed to donate royalties under this paragraph to the
     Project Gutenberg Literary Archive Foundation.  Royalty payments
     must be paid within 60 days following each date on which you
     prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax
     returns.  Royalty payments should be clearly marked as such and
     sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the
     address specified in Section 4, "Information about donations to
     the Project Gutenberg Literary Archive Foundation."

- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies
     you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he
     does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm
     License.  You must require such a user to return or
     destroy all copies of the works possessed in a physical medium
     and discontinue all use of and all access to other copies of
     Project Gutenberg-tm works.

- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any
     money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
     electronic work is discovered and reported to you within 90 days
     of receipt of the work.

- You comply with all other terms of this agreement for free
     distribution of Project Gutenberg-tm works.

1.E.9.  If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
electronic work or group of works on different terms than are set
forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark.  Contact the
Foundation as set forth in Section 3 below.

1.F.

1.F.1.  Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
collection.  Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
works, and the medium on which they may be stored, may contain
"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
your equipment.

1.F.2.  LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
liability to you for damages, costs and expenses, including legal
fees.  YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
PROVIDED IN PARAGRAPH F3.  YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
DAMAGE.

1.F.3.  LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a
written explanation to the person you received the work from.  If you
received the work on a physical medium, you must return the medium with
your written explanation.  The person or entity that provided you with
the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a
refund.  If you received the work electronically, the person or entity
providing it to you may choose to give you a second opportunity to
receive the work electronically in lieu of a refund.  If the second copy
is also defective, you may demand a refund in writing without further
opportunities to fix the problem.

1.F.4.  Except for the limited right of replacement or refund set forth
in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.

1.F.5.  Some states do not allow disclaimers of certain implied
warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
the applicable state law.  The invalidity or unenforceability of any
provision of this agreement shall not void the remaining provisions.

1.F.6.  INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
with this agreement, and any volunteers associated with the production,
promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works,
harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees,
that arise directly or indirectly from any of the following which you do
or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.


Section  2.  Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of computers
including obsolete, old, middle-aged and new computers.  It exists
because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come.  In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
and the Foundation web page at http://www.pglaf.org.


Section 3.  Information about the Project Gutenberg Literary Archive
Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service.  The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541.  Its 501(c)(3) letter is posted at
http://pglaf.org/fundraising.  Contributions to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
permitted by U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
throughout numerous locations.  Its business office is located at
809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
[email protected].  Email contact links and up to date contact
information can be found at the Foundation's web site and official
page at http://pglaf.org

For additional contact information:
     Dr. Gregory B. Newby
     Chief Executive and Director
     [email protected]


Section 4.  Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment.  Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States.  Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements.  We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance.  To
SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
particular state visit http://pglaf.org

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States.  U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses.  Donations are accepted in a number of other
ways including checks, online payments and credit card donations.
To donate, please visit: http://pglaf.org/donate


Section 5.  General Information About Project Gutenberg-tm electronic
works.

Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm
concept of a library of electronic works that could be freely shared
with anyone.  For thirty years, he produced and distributed Project
Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.


Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
unless a copyright notice is included.  Thus, we do not necessarily
keep eBooks in compliance with any particular paper edition.


Most people start at our Web site which has the main PG search facility:

     http://www.gutenberg.org

This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.