Clepsydra

By Camilo Almeida Pessanha

The Project Gutenberg EBook of Clepsydra, by Camilo Pessanha

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Title: Clepsydra
       Poêmas de Camillo Pessanha

Author: Camilo Pessanha

Release Date: August 16, 2007 [EBook #22330]

Language: Portuguese


*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK CLEPSYDRA ***




Produced by Tiago Tejo




CLEPSYDRA

POÊMAS DE

CAMILLO PESSANHA



EDIÇÕES LUSITANIA




Clepsydra




Todos os direitos reservados

Composto e impresso: Tip. da T. da Espera, 26




CLEPSYDRA

POÊMAS DE

CAMILLO PESSANHA



EDIÇÕES LUSITANIA

LISBOA--1920




INSCRIPÇÃO




Eu vi a luz em um paiz perdido.
A minha alma é languida e inerme.
Oh! Quem podesse deslisar sem ruido!
No chão sumir-se, como faz um verme...




SONÊTOS




Tatuagens complicadas do meu peito:
--Trophéos, emblemas, dois leões aládos...
Mais, entre corações engrinaldados,
Um enorme, soberbo, amor-perfeito...

E o meu brazão... Tem de oiro n'um quartel
Vermelho, um lys; tem no outro uma donzella,
Em campo azul, de prata o corpo, aquella
Que é no meu braço como que um broquel.

Timbre: rompante, a megalomania...
Divisa: um ai,--que insiste noite e dia
Lembrando ruinas, sepulturas rasas...

Entre castelos serpes batalhantes,
E aguias de negro, desfraldando as azas,
Que realça de oiro um colar de besantes!




ESTATUA


Cancei-me de tentar o teu segrêdo:
No teu olhar sem côr,--frio escalpello,--
O meu olhar quebrei, a debate-lo,
Como a onda na crista d'um rochêdo.

Segrêdo d'essa alma e meu degrêdo
E minha obcessão! Para bebe-lo
Fui teu labio oscular, n'um pesadêlo,
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu osculo ardente, allucinado,
Esfriou sobre o marmore correcto
D'esse entreaberto labio gelado...

D'esse labio de marmore, discreto,
Severo como um tumulo fechado,
Serêno como um pélago quieto.




PHONOGRAPHO


Vae declamando um comico defunto,
Uma platêa ri, perdidamente,
Do bom jarreta... E ha um odôr no ambiente
A crypta e a pó,--do anachronico assumpto.

Muda o registo, eis uma barcarola:
Lirios, lirios, aguas do rio, a lua...
Ante o Seu corpo o sonho meu fluctua
Sobre um paúl,--extática corolla.

Muda outra vez: gorgeios, estribilhos
D'um clarim de oiro--o cheiro de junquilhos,
Vivido e agro!--tocando a alvorada...

Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas
Quebrou-se agora orvalhada e velada.
Primavera. Manhã. Que effluvio de violetas!




Desce em folhedos tenros a collina:
--Em glaucos, frouxos tons adormecidos,
Que saram, frescos, meus olhos ardidos,
Nos quaes a chamma do furor declina...

Oh vem, de branco,--do immo da folhagem!
Os ramos, leve, a tua mão aparte.
Oh vem! Meus olhos querem desposar-te
Reflectir-te virgem a serena imagem.

De silva doida uma haste esquíva
Quão delicada te osculou num dedo
Com um aljôfar côr de rosa viva!...

Ligeira a saia... Doce brisa impelle-a...
Oh vem! De branco! Do immo do arvoredo...
Alma de sylpho, carne de camelia...




Esvelta surge! Vem das aguas, nua,
Timonando uma concha alvinitente!
Os rins flexiveis e o seio fremente...
Morre-me a bocca por beijar a tua.

Sem vil pudôr! Do que ha que ter vergonha?
Eis-me formoso, môço e casto, forte.
Tão branco o peito!--para o expôr á Morte...
Mas que ora--a infame!--não se te anteponha.

A hydra torpe!... Que a estrangulo... Esmago-a
De encontro á rocha onde a cabeça te ha-de,
Com os cabellos escorrendo agua,

Ir inclinar-se, desmaiar de amor,
Sob o fervor da minha virgindade
E o meu pulso de jovem gladiador.




Depois da lucta e depois da conquista
Fiquei só! Fôra um acto anthipatico!
Deserta a Ilha, e no lençol aquatico
Tudo verde, verde,--a perder de vista.

Porque vos fostes, minhas caravellas,
Carregadas de todo o meu thesoiro?
--Longas teias de luar de lhama de oiro,
Legendas a diamantes das estrellas!

Quem vos desfez, formas inconsistentes,
Por cujo amor escalei a muralha,
--Leão armado, uma espada nos dentes?

Felizes vós, ó mortos da batalha!
Sonhaes, de costas, nos olhos abertos
Reflectindo as estrellas, boquiabertos...




Quem polluiu, quem rasgou os meus lençoes de linho,
Onde esperei morrer,--meus tão castos lençoes?
Do meu jardim exiguo os altos girasoes
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e simiêsco!)
A mesa de eu cear,--tabua tôsca de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
--Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova,
Olha a noite, olha o vento. Em ruina a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.
Alma da minha mãe... Não andes mais á neve,
De noite a mendigar ás portas dos casaes.




Ó meu coração torna para traz
D'onde vaes a correr, desatinado?
Meus olhos incendidos que o peccado
Queimou... Voltae horas de paz.

Vergam da neve os olmos dos caminhos,
A cinza arrefeceu sobre o brazido.
Noites da serra, o casebre transido...
--Scismae meus olhos como dois velhinhos...

Extìnctas primaveras evocae-as:
--Já vae florir o pomar das maceiras,
Hemos de enfeitar os chapeus de maias--

Socegae, esfriae, olhos febrís.
--E hemos de ir cantar nas derradeiras
Ladainhas... Doces vozes senís...--




Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhal-as...
Em que scismas, meu bem? Porque me callas
As vozes com que ha pouco me enganavas?

Castellos doidos! Tão cedo cahistes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Prescrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cahe nupcial a neve,
Surda, em triumpho, petalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um veo!
¿Quem as esparze--quanta flôr--, do ceo,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabellos?




E eis quanto resta do idyllio acabado,
--Primavera que durou um momento...
Como vão longe as manhãs do convento!
--Do alegre conventinho abandonado...

Tudo acabou... Anemonas, hydrangeas.
Silindras,--flôres tão nossas amigas!
No claustro agora víçam as ortigas,
Rojam-se cobras pelas velhas lageas.

Sobre a inscripção do teu nome delìdo!
--Que os meus olhos mal podem solletrar,
Cançados... E o aroma fenecido

Que se evola do teu nome vulgar!
Ennobreceu-o a quietação do olvido.
Ó doce, ingenua, inscripção tumular.




Singra o navio. Sob a agua clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina...
--Impeccavel figura peregrina,
A distancia sem fim que nos sepára!

Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuemente côr de rosa,
Na fria transparencia luminosa
Repousam, fundos, sob a agua plana.

E a vista sonda, reconstrue, compára.
Tantos naufragios, perdições, destróços!
--Ó fulgida visão, linda mentira!

Roseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivem desengastára...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos...




Foi um dia de inuteis agonias.
Dia de sol, inundado de sol!...
Fulgiam nuas as espadas frias...
Dia de sol, inundado de sol!...

Foi um dia de falsas alegrias.
Dáhlia a esfolhar-se,--o seu molle sorriso...
Voltavam os ranchos das romarias.
Dáhlia a esfolhar-se,--o seu molle sorriso...

Dia impressivel mais que os outros dias.
Tão lúcído... Tão pallido... Tão lúcido!...
Diffuso de theoremas, de theorias...

O dia futil mais que os outros dias!
Minuete de discretas ironias...
Tão lúcido... Tão pallido... Tão lúcído!...




Passou o outono já, já torna o frio...
--Outono do seu riso maguado.
Algido inverno! Obliquo o sol, gelado...
--O sol, e as aguas limpidas do rio.

Aguas claras do rio! Aguas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cançado,
Para onde me levaes meu vão cuidado?
Aonde vaes, meu coração vazío?

Ficae, cabellos d'ella, fluctuando,
E, debaixo das aguas fugidias,
Os seus olhos abertos e scismando...

Onde ides a correr, melancolias?
--E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translucidas e frias...




Quando voltei encontrei os meus passos
Ainda frescos sobre a humida areia,
A fugitiva hora, reevoqueia,
--Tão redíviva! nos meus olhos baços...

Olhos turvos de lagrimas contidas.
--Mesquinhos passos, porque doidejastes
Assim transviados, e depois tornastes
Ao ponto das primeiras despedidas?

Onde fostes sem tino, ao vento vario,
Em redor, como as aves n'um aviario,
Até que a azita fôfa lhe falleça...

Toda essa extensa pista--para quê?
Se ha-de vir apagar-vos a maré,
Como as do novo rasto que começa...




Imagens que passaes pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixaes?
Que passaes como a agua crystallina
Por uma fonte para nunca mais!...

Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncaes,
E o vago mêdo angustioso domina,
--Porque ides sem mim, não me levaes?

Sem vós o que são os meus olhos abertos?
--O espelho inutil, meus olhos pagãos!
Aridez de successivos desertos...

Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
--Estranha sombra em movimentos vãos.




POESIAS




Quando se erguerão as setteiras,
Outra vez, do castello em ruina,
E haverá gritos e bandeiras
Na fria aragem matutina?

Se ouvírá tocar a rebate
Sobre a planicie abandonada?
E sahiremos ao combate
De cota e elmo e a longa espada?

Quando iremos, tristes e sérios,
Nas prolixas e vãs contendas,
Soltando juras, improperios,
Pelas divisas e legendas?

E voltaremos, os antigos
E purissimos lidadores,
(Quantos trabalhos e perigos!)
Quasi mortos e vencedores?

. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .

E quando, ó Dôce Infanta Real,
Nos sorrirás do belveder?
--Magra figura de vitral,
Por quem nós fomos combater...




Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dôr me fere, em busca de um abrigo;
E apesar d'isso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz comtigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos romanticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do _Cantico dos canticos_.

Se é amar-te não sei. Não seí se te idealiso
A tua côr sadia, o teu sorriso terno,
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.

Passo comtigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jámais de te beijar na bôca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma presente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.




Rufando apressado,
E bamboleado.
Bonet posto ao lado,

Garboso, o tambor
Avança em redor
Do campo de amor...

Com força, soldado!
A passo dobrado!
Bem bamboleado!

Amores te bafejem.
Que as moças te beijem.
Que os moços te invejem.

Mas ai, ó soldado!
Ó triste alienado!
Por mais exaltado

Que o toque reclame,
Ninguem que te chame...
Ninguem que te ame...




Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro...
          Lançal-o ao mar.

Quem vae embarcar, que vae degredado...
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado,
          Lançae-o ao mar.

E hei-de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre sellado.
A sete chaves: tem dentro uma carta...
--A ultima, de antes do teu noivado.

A sete chaves,--a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei-de-o levar,
Que é para o molhar na agua salgada
No dia em que emfim deixar de chorar...




CREPUSCULAR


Ha no ambiente um murmurio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.

As madre-silvas murcham nos silvados
E o arôma que exhalam pelo espaço,
Tem delíquios de gôso e de cansaço
Nervosos, femininos, delìcados.

Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inaprehensiveis, minimas, serênas...
--Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas.
O meu olhar no teu olhar suave.

As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
--É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.




Se andava no jardim,
Que cheiro de jasmím!
Tão branca do luar!

. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .

Eis tenho-a junto a mim.
Vencida, é minha, emfim,
Após tanto a sonhar...

Porque entristeço assim?...
Não era ella, mas sim
(O que eu quiz abraçar),

A hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar...




Depois das bodas de oiro,
Da hora promettida,
Não seí que mau agoiro
Me ennoiteceu a vida...

Temo de regressar...
E mata-me a saudade...
--Mas de me recordar
Não sei que dôr me invade.

Nem quero prosseguir,
Trilhar novos caminhos,
Meus pobres pés, dorir,
Já roxos dos espinhos.

Nem ficar... e morrer...
Perder-te, imagem vaga...
Cessar... Não mais te vêr...
Como uma luz se apaga...




O meu coração desce,
Um balão apagado...
--Melhor fôra que ardesse,
Nas trevas, incendiado.

Na bruma fastidienta,
Como um caixão á cova...
--Porque antes não rebenta
De dôr violenta e nova?!

Que apêgo ainda o sustem?
Atomo miserando...
--Se o esmagasse o trem
D'um comboio arquejando!...

O inane, vil despojo
Da alma egoista e fraca!
Trouxesse-o o mar de rojo
Levasse-o na ressaca.




Chorae arcadas
Do víôloncello!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudaes de chôro...
Que ruinas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trémulos astros...
Soidões lacustres...
--Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaustres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
--Chorae arcadas,
Despedaçadas,
Do viôloncello.




AO LONGE OS BARCOS DE FLORES


Só, incessante, um som de flauta chora,
Viuva, gracil, na escuridão tranquilla,
--Perdida voz que de entre as maís se exila,
--Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões scintilla
E os labios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viuva, gracil, na escuridão tranquilla.

E a orchestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detem. Só modulada trila
A flauta flebil... Quem ha-de remil-a?
Quem sabe a dôr que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...




EM UM RETRATO


De sob o cómoro quadrangular
Da terra fresca que me ha-de inhumar,

E depois de já muito ter chovido,
Quando a herva alastrar com o olvido,

Ainda, amigo, o mesmo meu olhar
Ha-de ir humilde, atravessando o mar,

Envolver-te de preito enternecido,
Como o de um pobre cão agradecido.




Voz debil que passas,
Que humilima gemes
Não sei que desgraças...

Dir-se-hia que pedes.
Dir-se-hia que tremes,
Unida ás paredes,

Se vens, ás escuras,
Confiar-me ao ouvido
Não sei que amarguras...

Suspiras ou fallas?
Porque é o gemido,
O sopro que exhalas?

Dir-se-hia que rezas.
Murmuras baixinho
Não sei que tristezas...

--Ser teu companheiro?
Não sei o caminho.
Eu sou estrangeiro.

--Passados amores?--
Animas-te, dizes
Não sei que terrores...

Fraquinha, deliras.
--Projectos felizes?--
Suspiras. Expiras.




Na cadeia os bandidos presos!
O seu ar de contemplativos!
Que é das feras de olhos acesos?!
Pobres dos seus olhos captivos.

Passeiam mudos entre as grades,
Parecem peixes n'um aquario.
--Campo florido das Saudades
Porque rebentas tumultuario?

Serenos... Serenos... Serenos...
Trouxe-os algemados a escolta.
--Extranha taça de venenos
Meu coração sempre em revolta.

Coração, quietinho... quietinho...
Porque te insurges e blasfemas?
Pschiu... Não batas... De vagarinho...
Olha os soldados, as algemas!




FINAL




Ó cores virtuaes que jazeis subterraneas,
--Fulgurações azues, vermelhos de hemoptyse,
Represados clarões, chromaticas vesanias--,
No limbo onde esperaes a luz que vos baptise,

As palpebras cerrae, anciosas não veleis.

Abôrtos que pendeis as frontes côr de cidra,
Tão graves de scismar, nos bocaes dos museus,
E escutando o correr da agua na clepsydra,
Vagamente sorris, resignados e atheus,

Cessae de cogitar, o abysmo não sondeis.

Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite erraes, doces almas penando,
E as azas laceraes na aresta dos telhados,
E no vento expiraes em um queixume brando,

Adormecei. Não suspireis. Não respireis.






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     money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
     electronic work is discovered and reported to you within 90 days
     of receipt of the work.

- You comply with all other terms of this agreement for free
     distribution of Project Gutenberg-tm works.

1.E.9.  If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
electronic work or group of works on different terms than are set
forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark.  Contact the
Foundation as set forth in Section 3 below.

1.F.

1.F.1.  Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
collection.  Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
works, and the medium on which they may be stored, may contain
"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
your equipment.

1.F.2.  LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
liability to you for damages, costs and expenses, including legal
fees.  YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
PROVIDED IN PARAGRAPH F3.  YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
DAMAGE.

1.F.3.  LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
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written explanation to the person you received the work from.  If you
received the work on a physical medium, you must return the medium with
your written explanation.  The person or entity that provided you with
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opportunities to fix the problem.

1.F.4.  Except for the limited right of replacement or refund set forth
in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.

1.F.5.  Some states do not allow disclaimers of certain implied
warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
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provision of this agreement shall not void the remaining provisions.

1.F.6.  INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
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providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
with this agreement, and any volunteers associated with the production,
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or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.


Section  2.  Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of computers
including obsolete, old, middle-aged and new computers.  It exists
because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come.  In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
and the Foundation web page at https://www.pglaf.org.


Section 3.  Information about the Project Gutenberg Literary Archive
Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service.  The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541.  Its 501(c)(3) letter is posted at
https://pglaf.org/fundraising.  Contributions to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
permitted by U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
throughout numerous locations.  Its business office is located at
809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
[email protected].  Email contact links and up to date contact
information can be found at the Foundation's web site and official
page at https://pglaf.org

For additional contact information:
     Dr. Gregory B. Newby
     Chief Executive and Director
     [email protected]


Section 4.  Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment.  Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States.  Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements.  We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance.  To
SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
particular state visit https://pglaf.org

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States.  U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses.  Donations are accepted in a number of other
ways including including checks, online payments and credit card
donations.  To donate, please visit: https://pglaf.org/donate


Section 5.  General Information About Project Gutenberg-tm electronic
works.

Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm
concept of a library of electronic works that could be freely shared
with anyone.  For thirty years, he produced and distributed Project
Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.


Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
unless a copyright notice is included.  Thus, we do not necessarily
keep eBooks in compliance with any particular paper edition.


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     https://www.gutenberg.org

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